Estamos assistindo, quase que diariamente, a manifestações da natureza demonstrando claramente a sua revolta com o comportamento humano. São tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas, chuvas torrenciais provocando um número muito grande de mortes.
Será que é por acaso? Eu já entendi que nada, mas nada mesmo, acontece por acaso. Tudo é resultado de uma ação anterior, que provoca uma reação. Então qual é a leitura que se faz desses acontecimentos catastróficos? É a resposta que estamos obtendo do comportamento irracional da humanidade ao longo dos tempos. Está sendo dado um basta.
Assistimos ao sofrimento dos nossos irmãos no Rio de Janeiro ante uma tragédia que comove a todos. A perda de bens materiais, de parentes e amigos deve levar todos a busca de um entendimento. Se não, o objetivo não foi atingido. Temos que mudar.
A erupção vulcânica verificada na Islândia com todas as suas conseqüências – que estão sendo consideradas mais prejudiciais do que as verificadas por ocasião do 11 de setembro –, influindo na vida de milhões de pessoas, direta ou indiretamente, se não causar uma profunda reflexão, se todos continuarem voltados para os seus umbigos, para os seus interesses, não terá atingido as suas finalidades que, a meu ver, é o de sacudir as pessoas, de acordá-las para uma mudança radical.
Há tanto tempo não se via um acontecimento em nível mundial que tenha causado tanto transtorno, tanta estupefação, tanta alteração na vida das pessoas que estão ainda perplexas, reclamando, sem entender o que está acontecendo. É hora de mudarmos o nosso comportamento. E aqui não se trata apenas das grandes queimadas, das agressões feitas com usinas nucleares, usinas elétricas, e outras iniciativas desse gênero, que devem também continuamente ser combatidas.
A mudança verdadeira e transformadora é aquela que cada um pode realizar nos seus próprios atos e que deve ser consciente. Por menor que seja. Por exemplo: na forma de pensar, de agir, não jogar lixo nas ruas; não estacionar o carro nas calçadas; não jogar cigarro aceso por aí; não desperdiçar água; não pensar uma coisa e fazer outra; cumprir aquilo que se promete; não julgar o próximo, não condenar ninguém, não reclamar. Essas mudanças de atitude se refletem diretamente na vida das pessoas e se irradiam de modo circular em todo o planeta, embora não sejam perceptíveis visivelmente.
Ainda que não pareça, essas mudanças proporcionam uma alteração clara no resultado daquilo que nos envolve diretamente. No modo de agir, no modo de pensar.
Assim, é o momento de parar tudo. Ouvir o nosso coração. Refletir. Meditar. Buscar o verdadeiro sentido do que está acontecendo para que cada um possa avaliar o seu próprio comportamento. Cada um tem dentro de si todo o instrumental necessário para fazer essa avaliação e para mudar. Não dá mais para continuar fazendo de conta, empurrando com a barriga, deixar como está para ver como é que fica, fazer cara de paisagem, continuar fingindo que não estamos nem aí. Que o que acontece com os outros e em outros lugares não nos atinge, como se vivêssemos em uma redoma de vidro, protegidos. Não é assim.
É hora e tempo de acordar, de agir com lucidez, com firmeza, com disciplina verdadeira e sincera, de eleger a sinceridade como expressão constante dos nossos pensamentos e dos nossos atos. Com todas as conseqüências daí advindas.