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Heitor Freire

Ao mestre. com reverência

AO MESTRE, COM REVERÊNCIA.
A morte é um acontecimento inevitável na vida de cada um de nós. Como diz o povo, a única certeza da vida, é a morte. Agora como virá e quando, não sabemos. Daí a necessidade de estarmos sempre atentos e de viver um dia de cada vez.
Aprendi que nada acontece por acaso. Tudo tem sua razão de ser. A partir desse momento comecei a aceitar os acontecimentos de uma maneira consciente, sem revolta, sem reclamações, sem julgamentos.
Há uma semana, faleceu o professor Hildebrando Campestrini. Um gigante, mestre dos mestres na cultura, dedicou sua vida à pesquisa, à história, ao ensino. Foi professor, em sala de aula, por mais de cinquenta anos.
Teve milhares de alunos. Dos que eu conheci todos se referiam a ele com reverência. Ele não alisava. Era rígido, exigente, não tolerava mediocridades.
Foi também professor na Escola de Magistratura do Tribunal de Justiça, ministrando aulas para juízes. Fazia palestras por todo o Brasil, nos tribunais de contas e de justiça ensinando como redigir ementas, etc.
Definia-se como agnóstico. E dialético. Buscava sempre a melhor solução. Era um verdadeiro operário do saber. Trabalhava sem cessar. De domingo a domingo.
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado por D. Pedro II. O único em nosso estado. Foi ainda acadêmico da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras que também presidiu.
Convivi com ele diuturnamente, nos últimos 14 anos. Fui convidado pelo professor Campestrini para ser seu vice-presidente no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, em 2002. Disse-lhe na oportunidade, que eu não era professor, nem escritor, e não via como participar de uma instituição como aquela.
Ele falou você pode contribuir muito. Eu preciso de você. E assim, aceitei e a partir daí participei ativamente da construção desse monumento à cultura, à história que é o IHGMS.
Sob a orientação dele e em parceria com a diretora executiva do Instituto, Vera Tylde de Castro Pinto realizamos 11 seminários de desenvolvimento institucional, abrangendo os mais variados temas e que se constituíram na vitrine do Instituto.
Ele publicou 11 livros. Inclusive um, “Como Redigir uma Petição Inicial”, editado pela Saraiva, com sucessivas edições até hoje. Detalhe: ele não era advogado. Mas como diretor de comunicação do Tribunal de Justiça do estado de Mato Grosso do Sul, por 15 anos, foi criando intimidade com o direito.
Recuperou para a cultura a obra de Hélio Serejo, um conjunto de 50 livros, significativo e importante. Editou e enriqueceu o trabalho de Hélio com um número imenso de anotações.
Editou, entre tantos outros, Inocência, de Visconde de Taunay, um livro tão importante que, por iniciativa dele e decisão da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, tornou-se o livro símbolo do nosso estado.
A realização de que mais se orgulhava era “A Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul”, uma obra ciclópica, abrangendo todos os cursos d’água de nosso estado, desde rios, córregos, corixos, etc. com 7.119 verbetes e 154 cartas hidrográficas. Editado sob sua coordenação e com a participação dos professores Ângela Antonieta Atanásio Laurino, Arnaldo Mencecozzi e Francisco Mineiro Júnior. Não existe similar no Brasil.
O seu livro “A história de Mato Grosso do Sul”, encontra-se na oitava edição.
Foi associado da Associação Beneficente de Campo Grande, Santa Casa, e membro do seu Conselho de Administração. Era um defensor intransigente daquela instituição.
Evidente que num artigo como este, com número limitado de caracteres e de espaço, não há como registrar a magnitude de sua vida. Mas fica a intenção da semente.
A vida é uma constante de perdas e de ganhos. Perdemos o professor Campestrini, mas a espiritualidade ganhou um obreiro excepcional.
Heitor Freire – Diretor de Relações Institucionais do IHGMS.

 

A morte é um acontecimento inevitável na vida de cada um de nós. Como diz o povo, a única certeza da vida é a morte. Agora, como virá e quando, não sabemos. Daí a necessidade de estarmos sempre atentos e de viver um dia de cada vez.

Aprendi que nada acontece por acaso. Tudo tem sua razão de ser. A partir desse momento comecei a aceitar os acontecimentos de uma maneira consciente, sem revolta, sem reclamações, sem julgamentos.

Há uma semana, faleceu o professor Hildebrando Campestrini. Um gigante, mestre dos mestres na cultura, dedicou sua vida à pesquisa, à história, ao ensino. Foi professor, em sala de aula, por mais de cinquenta anos.

Teve milhares de alunos. Dos que eu conheci todos se referiam a ele com reverência. Ele não alisava. Era rígido, exigente, não tolerava mediocridades.

Foi também professor na Escola de Magistratura do Tribunal de Justiça, ministrando aulas para juízes. Fazia palestras por todo o Brasil, nos tribunais de Contas e de Justiça ensinando como redigir ementas, etc.

Definia-se como agnóstico. E dialético. Buscava sempre a melhor solução. Era um verdadeiro operário do saber. Trabalhava sem cessar. De domingo a domingo.

Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado por D. Pedro II. O único em nosso estado. Foi ainda acadêmico da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, da qual foi presidente.

Convivi com ele diuturnamente, nos últimos 14 anos. Fui convidado pelo professor Campestrini para ser seu vice-presidente no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, em 2002. Disse-lhe, na oportunidade, que eu não era professor, nem escritor, e não via como participar de uma instituição como aquela.

Ele falou, “Você pode contribuir muito. Eu preciso de você”. E assim, aceitei, e a partir daí participei ativamente da construção desse monumento à cultura e à história que é o IHGMS.

Sob a orientação dele e em parceria com a diretora executiva do Instituto, Vera Tylde de Castro Pinto, realizamos 11 seminários de desenvolvimento institucional, abrangendo os mais variados temas que se constituíram na vitrine do Instituto.

Campestrini publicou 11 livros. Inclusive Como Redigir uma Petição Inicial, editado pela Saraiva, com sucessivas edições até hoje. Detalhe: ele não era advogado. Mas como diretor de comunicação do Tribunal de Justiça do estado de Mato Grosso do Sul, por 15 anos, foi criando intimidade com o direito.

Recuperou para a cultura a obra de Hélio Serejo – que retratou o ciclo da erva-mate, registrando o dia-a-dia dos trabalhadores nos ervais. Tão importante que o seu nome denomina a ponte que liga o estado de São Paulo ao de Mato Grosso do Sul –, um conjunto de 50 livros, significativo e importante. Campestrini editou e enriqueceu o trabalho de Hélio com um número imenso de anotações.

Também editou, entre tantos outros livros, ”Inocência”, de Visconde de Taunay, uma obra tão importante que, por iniciativa dele e decisão da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, tornou-se o livro símbolo do nosso estado. E foi adaptado para o cinema sob a direção de Walter Lima Jr, com Fernanda Torres no papel principal.

A realização de que mais se orgulhava era A Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul, uma obra ciclópica, um inventário literário de todos os cursos d’água de nosso estado, desde rios, córregos, corixos, etc. com 7.119 verbetes e 154 cartas hidrográficas. Editado sob sua coordenação e com a participação dos professores Ângela Antonieta Atanásio Laurino, Arnaldo Mencecozzi e Francisco Mineiro Júnior. Não existe similar no Brasil.

O seu livro A História de Mato Grosso do Sul, encontra-se na oitava edição.

Foi associado da Associação Beneficente de Campo Grande, Santa Casa, e membro do seu Conselho de Administração. Era um defensor intransigente daquela instituição.

Evidentemente que um artigo como este, não tem a pretensão de registrar a magnitude da impressionante trajetória profissional do professor Campestrini. Poucos conterrâneos nossos tiveram uma trajetória tão profícua. Mas fica a intenção da semente.

A vida é uma constante de perdas e de ganhos. Perdemos o professor Campestrini, mas a espiritualidade ganhou um obreiro excepcional.

 

 

 

 

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