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Heitor Freire

O Que Está Acontecendo?

De tempos em tempos, a humanidade se vê acometida por doenças que ao se disseminarem acabam alcançando o status de pandemia e causam grande transtorno e sofrimento. Assim, tivemos a peste bubônica, no século XIV, que matou entre 75 e 200 milhões de pessoas, o cólera teve sua primeira pandemia global em 1817, matando milhares de pessoas.

A pandemia mais forte de que se tinha notícia até este ano foi a gripe espanhola, assim chamada porque quando se disseminou, em 1918, ao fim da Primeira Guerra Mundial, os países atingidos censuraram a divulgação da doença, o que não aconteceu na Espanha que se encarregou de divulgá-la. Segundo os dados históricos, cerca de 50 milhões de pessoas morreram pela ação do vírus, o influenza. Estima-se que 500 milhões de pessoas tenham se infectado, um quarto da população mundial da época. Até o então presidente do Brasil, Rodrigues Alves, morreu da doença, em 1919.

E agora, exatos 100 anos depois, surge o coronavírus. No mundo globalizado em que vivemos, a notícia correu o mundo em poucos dias, provocando um verdadeiro pandemônio, causando um pavor generalizado: as pessoas estão arrasadas, sem saber muito o que fazer e trocam informações que colaboram para propagar o medo em escala global, ecoando em todos os cantos do planeta, gerando e irradiando um sentimento de frustração e de revolta. A desinformação (ou informações infundadas) e o pânico só contribuem para nos deixar ainda mais assustados.

Mas, analisando os dados, verificamos que mais de 97% das pessoas que são acometidas pelo coronavírus se recuperam. Alguns mais rápido, outros menos. Ou seja, os óbitos são menos de 3%. No mundo, hoje, dia 14 de dezembro, o total de casos está em torno de 73 milhões, com 1,6 milhão de mortos. No Brasil, temos 6,9 milhões de infectados, com cerca de 180 mil de mortos. Penso que devemos comemorar com os que se curaram a oportunidade e a experiência única de que foram protagonistas.

É claro que a morte de um parente próximo ou de um amigo querido causa um sofrimento muito grande, pois o impacto que causa deixa um sentimento de vazio, porque poucos estão preparados para viver um momento dessa natureza, sem sofrer abalo emocional.

O medo está instalado. E como fazer, então? Mudar hábitos e procedimentos, o que depende de cada um. O momento é de reflexão profunda. O vírus está a nos proporcionar um encontro fundamental conosco mesmos. Sem estardalhaço, no íntimo de cada um.

A mudança verdadeira e transformadora é aquela que cada um pode realizar nos seus próprios atos e que deve ser consciente. Por menor que seja. Por exemplo: na forma de pensar, de agir, não pensar uma coisa e fazer outra; cumprir aquilo que se promete; não julgar o próximo, não condenar ninguém, não reclamar. Essas mudanças de atitude se refletem diretamente na vida das pessoas e se irradiam de modo circular em todo o planeta, embora não sejam perceptíveis visivelmente.

Ainda que não pareça, essas mudanças proporcionam uma alteração clara no resultado daquilo que nos envolve diretamente. No modo de agir, no modo de pensar.

 Assim, é o momento de parar tudo. Ouvir o nosso coração. Refletir. Meditar. Buscar o verdadeiro sentido do que está acontecendo para que cada um possa avaliar o seu próprio comportamento. Cada um tem dentro de si todo o instrumental necessário para fazer essa avaliação e para mudar.

Não dá mais para continuar fazendo de conta, empurrando com a barriga, deixar como está para ver como é que fica, fazer cara de paisagem, continuar fingindo que não estamos nem aí. Que o que acontece com os outros e em outros lugares não nos atinge, como se vivêssemos em uma redoma de vidro, protegidos. Não é assim.

É hora e tempo de acordar, de agir com lucidez, firmeza, disciplina, de eleger a sinceridade como expressão constante dos nossos pensamentos e dos nossos atos. Despertar o amor verdadeiro e irradiá-lo para todos.  Sair da verdade espelhada que só reflete a imagem sem considerar o conteúdo. Que é fundamental. Não dá para continuar com a mesmice de sempre. A hora é agora.

Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

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