Quando fomos criados, não recebemos um manual para nos ensinar o que e como fazer. Assim, cabe a cada um descobrir seus talentos, colocá-los em prática e colher o resultado de seus atos. Nisso está a beleza da vida: a descoberta de nós mesmos e o aperfeiçoamento no processo de evolução da humanidade.
Quando se instala qualquer conflito, discussão, condenação ou cobrança que se faça entre uma pessoa e outra, isso vai, necessariamente, gerar atrito e, consequentemente, uma resistência, concorrendo para a disfunção no concerto geral das coisas.
As situações que estamos vivendo atualmente e desde sempre – porque sempre houve disputa – só se resolverão quando todos se perdoarem mutuamente e se harmonizarem de forma consciente, verdadeira e sincera, quando todos compreenderem que devem mudar. Chegará inevitavelmente o momento em que isso ocorrerá.
Enquanto isso e a partir do instante que cada um entender e praticar o amor verdadeiro, compreender que o outro é seu irmão e que a discórdia se constitui num fator de separação, decidindo mudar seu comportamento e contribuindo para o bem-estar geral, haverá, então, uma reconciliação global.
E cabe a cada um de nós colaborar para que esse estado ideal se realize, e assim mudar nossos atos, pensamentos, cuidar das nossas palavras, vigiar nossa maneira de ser. Vigiar não no sentido policialesco, mas sim no de observar o sentido da ação consciente do que fazemos. Cada palavra, pensamento e ação realizados devem ser coerentes para construirmos nossa própria evolução.
O nosso subconsciente não é seletivo. O que manifestamos se transforma numa ordem que ele procura converter em realidade. Ele simplesmente obedece. Mas como nossas ações em grande parte são contraditórias, cria-se um estado de confusão, provocando situações que, muitas vezes, são motivo permanente de reclamação por parte de todos.
É preciso também aprender a orar. Não como repetição automática de uma fórmula sem nenhum sentimento, mas com o verdadeiro sentido e consciência daquilo que se está fazendo.
Nós estamos encarnados para concorrer, cada um, para a construção da nossa própria evolução. E por meio da evolução alcançar a libertação.
E isso só ocorre ao longo de um processo, cujo início se deu no momento da criação do homem. No princípio, desde sempre. Após ser dada a partida, o processo segue o seu caminho e será concluído com a iluminação de cada um.
A partir do momento que se alcança o entendimento do que significa a encarnação, com a decisão de palmilhar o caminho conscientemente, abre-se a porta da evolução verdadeira, que nos proporciona a oportunidade de contribuir com inteligência e vontade para o nosso autoaprimoramento. É o descortinar de um novo tempo. É a continuidade do moto-perpétuo, de um movimento sincero, simples e constante. Permanente.
Se não houver mudança na mente e nos procedimentos, nada mudará.
Para terminar, um breve comentário sobre quatro verbos que aprendi a conjugar e praticar: saber, querer, ousar e calar.
O saber é o caminho da libertação da ignorância.
O querer é uma afirmação perene da vida.
O ousar é amar, remando contra a corrente da indolência da humanidade.
O calar é o mais difícil, pois exige o controle de si mesmo.
No meu entendimento, é o que cabe a cada um de nós fazer.
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.