Aprendi que a convivência humana é um caleidoscópio – aquele objeto cilíndrico, cujo fundo é revestido com espelhos e pequenos pedaços de vidros coloridos. Com o movimento do instrumento, o reflexo dos vidros nos espelhos cria uma mistura infinita de imagens com formatos e cores diferentes –metaforicamente, é como se misturasse todos os ingredientes que compõem o universo da nossa existência.
As situações que se sucedem na nossa vida geram movimentos os mais variados, frutos das disparidades dos assuntos que envolvem família, profissão, trabalho, sociedade, religião, política, sexo, interesses variados, etc., mas quando não há convergência surgem atritos, brigas, conflitos.
O vírus da discórdia está no ser humano desde que este existe. Começou com Adão e Eva. Continuou com Caim e Abel. Se materializou na torre de Babel. E a partir daí, se alastrou pelo mundo todo.
É impressionante como o homem busca discutir, provocar, conflitar. Todas as guerras foram alimentadas por esse vírus invisível, que permanece e se alastra constantemente.
E a nossa vida, então, vai sendo uma sucessão de conflitos, cuja solução vai depender diretamente da nossa maturidade, do nosso equilíbrio, do nosso bom senso, qualidades que não se adquirem daqui para ali, mas decorrem de um aprendizado constante e consciente, que irá nos proporcionar o conhecimento da ciência da vida.
Da discussão nasce a luz, diz o ditado. Aprendi o contrário: da discussão nasce a discórdia, que se materializa na resposta. O conflito nasce na resposta, depende da forma com que respondermos. Se respondermos com o silêncio, por exemplo, não há conflito. E se respondermos de forma tranquila e serena, normalmente vamos eliminar o confronto.
O aprendizado constante nos permite uma avaliação permanente para orientar nossos atos.
Na física, o atrito surge quando duas forças em sentido contrário se encontram, gerando uma resistência. Se não houver resistência, não há atrito. Do latim attrĭtu, além de ser sinônimo do termo “fricção”, a palavra atrito refere-se à resistência que os corpos opõem quando se movem uns sobre os outros. Dá-se o nome de força de atrito àquela que resulta do atrito entre os corpos, isto é, que se opõe ao movimento de uma superfície sobre outra.
No sentido figurado, em particular no plural (atritos), o vocábulo está relacionado com os desentendimentos e as desavenças entre coletividades ou pessoas. Por exemplo: “Os atritos entre judeus e palestinos fazem temer a eclosão de um novo conflito armado”.
Como então resolver esse problema milenar que se alastra indefinidamente?
Naturalmente, com a prática do ensinamento de Jesus, que nos ensinou: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”. Tão simples e direto, mas tão difícil de cumprir. No meu entendimento, é a única fórmula a ser aplicada para resolver essa equação, porque sem atrito, não há conflito.
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.