A Santa Casa de Campo Grande comemorou neste 17 de agosto, 104 anos do início de atividades de um grupo seleto de cidadãos irmanados pelo ideal divino da compaixão e amor ao próximo. Liderados por Eduardo Santos Pereira, Bernardo Franco Baís, Joaquim Cézar, Camillo Boni, José Alves Quito, João Clímaco Vidal, Enoch Vieira de Almeida, Victor M. Pace e Eusébio Teixeira, entre outros, criaram uma subscrição pública de arrecadação financeira, cuja denominação era, literalmente: “Lista destinada à inscripção das pessoas que contribuem, dando uma esmola, para a creação da SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CAMPO GRANDE, refúgio, em breve tempo, dos doentes pobres e desvalidos”.
Foram arrecadados, na ocasião, 28.000$500 contos de réis. Foi o início de uma realização que se concretizou em 1928, com a inauguração dos primeiros pavilhões do hospital, dando início ao atendimento à população.
Hoje, mais de um século depois, a Santa Casa de Campo Grande é a quarta Santa Casa do país, compreendendo um complexo de 44 mil metros quadrados de área construída, distribuídos ao longo de 60 mil metros quadrados de terreno, constituindo um robusto e imponente quarteirão entre a avenida Mato Grosso e as ruas Rui Barbosa, 13 de maio e Eduardo Santos Pereira, justamente o nome de seu fundador primordial.
A Santa Casa está habilitada com as mais variadas especialidades médicas, das quais destacamos cardiologia pediátrica, cirurgia cardiovascular pediátrica, cirurgia bucomaxilofacial (nossos profissionais são verdadeiros artesãos ao reconstituir com muito talento e dedicação a conformação facial de acidentados) e neurocirurgia, além de ter conquistado a referência nacional no tratamento a queimados. Também estamos habilitados a realizar transplante de córnea, coração e rins.
A instituição emerge da pandemia com um histórico excepcional de solidariedade e fraternidade. Embora não seja referenciada para o atendimento da Covid-19 – tivemos que assumir todos os demais atendimentos médicos hospitalares de emergência de nossa cidade e do estado, pois o Hospital Universitário e o Hospital Regional estavam sobrecarregados com o atendimento da pandemia –, ainda assim disponibilizamos 120 leitos da unidade de trauma, que por ter acesso independente nos permitiu atender com segurança e colaborar com 90 leitos de enfermaria, 20 de CTI para o tratamento da Covid, além de 10 leitos UTI para pacientes não Covid.
Em função da dedicação, coragem, solidariedade e fraternidade demonstradas pelo nosso corpo clínico e de enfermagem, manifestamos o nosso mais sincero reconhecimento a esses profissionais que se mantiveram incansáveis, leais e assertivos na linha de frente do atendimento aos pacientes, sem desanimar e com plena dedicação, sempre de forma afetuosa e cooperativa. Com justa coragem e desprendimento, cumpriram seu dever com honra e mérito.
Ao longo deste ano e meio de pandemia, a prática médica rotineira foi sacudida pela urgência que se impôs, despertando mais agilidade no relacionamento interno e na comunicação entre médicos e profissionais de saúde, sempre baseados no respeito mútuo, humanizando a medicina ao fazer da arte de curar uma prática sagrada, estabelecendo uma comunicação mais direta e respeitosa com pacientes e seus familiares – muitas vezes ansiosos, preocupados, nervosos, irritados –, irradiando uma onda de solidariedade e de amor que enriqueceu a todos.
A pandemia serviu também para reconhecermos a importância fundamental de agradecer a Deus e de seguirmos firmes, praticando o Seu mandamento de amor ao próximo.
A nossa Santa Casa chega assim aos 104 anos cumprindo a sua destinação histórica de “refúgio, em breve tempo, dos doentes pobres e desvalidos”.
Heitor Rodrigues Freire – presidente da ABCG Santa Casa.