^Ne’ëryru

ÑE’ĒRYRU
Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Uma das atividades literárias mais exigentes, sem dúvida nenhuma, é a do dicionarista, do lexicógrafo. Ele tem que suar muito. No prefácio da segunda edição do Aurélio, o autor cita uns versos de Carlos Drummond de Andrade:
“Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entanto lutamos
Mal rompe a manhã”.
E complementa: “Em nossos casos particulares – o do Poeta e o deste aprendiz de lexicografia – há um diferença (deixem passar a confissão): a luta de Drummond principia ‘mal rompe a manhã’, a do aprendiz ordinariamente, vai até a manhã”.
Os dicionários remontam aos tempos antigos. Acredita-se que o dicionário tenha se originado na Mesopotâmia por volta de 2.600 a.C. Manufaturado em tabletes com escrita cuneiforme, ele informava repertórios de signos, nomes de profissões, divindades e objetos usuais, que funcionavam como dicionários unilíngues.
Os gregos no século I criaram os lexicons para catalogar os usos das palavras da língua grega. Os gregos e os romanos já os utilizavam para esclarecimentos de dúvidas, termos e conceitos. Todavia, não eram organizados em ordem alfabética. Limitavam-se às definições de termos linguísticos ou literários.
Foi somente no fim da Idade Média que houve o surgimento de dicionários e glossários organizados alfabeticamente. Quando as glosas desses manuscritos latinos tornaram-se numerosas, os monges as dispuseram em ordem alfabética para facilitar a localização. Com isso, surgiu uma primeira tentativa de dicionário bilíngue latim-vernáculo, ou seja, do latim e para a língua local da edição. Com o advento da imprensa, no século XV, alavancou-se a difusão e o uso de novos dicionários.
Aterrissando em nosso tempo e lugar, gostaria de apresentá-los ao Dicionário Guarani-Português/Português-Guarani, de autoria de Cecy Fernandes de Assis, um alentado volume de 954 páginas, lançado em 1999.
Cecy nasceu em Iguatemi, cidade ao sul do nosso estado, onde antigamente só se falava em espanhol e guarani. Mas na época da Segunda Guerra Mundial, o então presidente Getúlio Vargas baixou um decreto proibindo que se falasse alemão, italiano, japonês e também as línguas indígenas. Por isso os pais de Cecy tiveram que aprender a falar português. A partir daí que o guarani entrou no DNA da Cecy.
Cecy se casou com Luiz Carlos Pinho de Assis, funcionário do Banco do Brasil, em Ponta Porã. Fomos colegas no banco, nessa época, nos anos 60. Depois eles se mudaram  para Bauru, onde ela se graduou pela faculdade de Filosofia e Letras. Cecy é uma escritora nata, autora de mais de dez livros e muito perseverante.
Ela participou durante quatorze anos do Prêmio Casas de Las Américas em Cuba até que em 1999 conquistou o primeiro lugar, com o livro de Poesias “El Debo Del Es”. O prêmio foi de 3 mil dólares, o que lhe permitiu financiar a primeira edição do seu dicionário. E apesar do desinteresse inicial das editoras, o dicionário vendeu muito bem. A segunda edição já se esgotou e uma terceira está a caminho.
O dicionário da Cecy é, atualmente, parte do material de apoio no curso de guarani da USP. Está à venda no Paraguai, Argentina, Estados Unidos, Alemanha e nas grandes livrarias do Brasil.
As duas primeiras edições foram diagramadas por seu marido, Luiz Carlos. Na terceira edição tomará como base a diagramação do Oxford Portuguese/English Dictionary.
Para melhor entender a estrutura do guarani, a Cecy fez curso de japonês, porque segundo ela essas duas línguas têm a mesma estrutura linguística. Como parte da pesquisa de seu livro ela viajou ao Paraguai, onde fez curso com Bartomeu Melià, etnólogo, e Domingo Adolfo Aguilera Jiménez, hoje presidente da Academia de La Lengua Guarani/Aváñeé Rerekuapeve.
O título deste artigo, ÑE’ĒRYRU, significa dicionário em guarani.
Para melhor ilustrar o que representa a capacidade, competência e dedicação da Cecy, vou usar uma definição de mulher do seu dicionário: “Kuña Rembipe Mombyry” (mulher que brilha de longe).
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Uma das atividades literárias mais exigentes, sem dúvida nenhuma, é a do dicionarista, do lexicógrafo. Ele tem que suar muito. No prefácio da segunda edição do Aurélio, o autor cita uns versos de Carlos Drummond de Andrade:

“Lutar com palavras

É a luta mais vã.E

ntanto lutamos

Mal rompe a manhã”.

E complementa: “Em nossos casos particulares – o do Poeta e o deste aprendiz de lexicografia – há um diferença (deixem passar a confissão): a luta de Drummond principia ‘mal rompe a manhã’, a do aprendiz ordinariamente, vai até a manhã”.

…E estou aqui.

…E ESTOU AQUI.
O ser humano, esse indivíduo tão complexo, composto por tantas variáveis e tantas dúvidas, às vezes indecifráveis, vive num oceano de desejos inexplicáveis e nem sempre realizáveis, porque para a maioria falta o autoconhecimento.
A falta de entendimento do que somos e para o que aqui estamos concorre também para essa confusão existencial, fazendo que passemos nossa vida correndo de um lado para outro, desperdiçando o capital com que Deus nos dotou: o tempo. O tempo é um componente inerente a toda criação: humana, animal, vegetal e mineral distribuído igualmente para todos. Tudo é regido por esse elemento. Daí a necessidade de administrá-lo de forma inteligente e produtiva. Tempo é uma questão de administração e de preferência.
Bruce Lee, o célebre ator e lutador de artes marciais chinês, disse com muita propriedade: “Se você ama a vida, não perca tempo, pois é de tempo que ela é feita”. Outro fator que deve naturalmente ser compreendido e aplicado é a necessidade de se estar presente no aqui e agora. Deus nos deu inteligência e consciência, de modo que não temos desculpa.
O uso apropriado desse conhecimento nos dará condições de enriquecer nossas vidas e de torná-las únicas e originais como de fato são. O tempo é um tema que intrigou os filósofos ao longo da história, desde Aristóteles, passando por Santo Agostinho, Voltaire, Nietzsche, William James e tantos outros que tentaram defini-lo, cada um com a sua concepção particular, mas sem chegar a uma conclusão definitiva.
A questão é tão complexa, tão antiga e tão intrigante, que até os autores bíblicos se ocuparam dela. No Eclesiastes, 3,1-8, lemos:
“Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu;
Há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir, tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras, tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar e tempo de perder, tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser, tempo de estar calado, e tempo de falar:
Tempo de amar, e tempo de odiar, tempo de guerra e tempo de paz”.
.No meu entendimento, o tempo não se define, se sente. Então é tudo uma questão de percepção pessoal. Uma vez que sabemos como funciona, significa que podemos influenciá-lo. Sim, você pode dominar seu tempo. Eu aprendi como fazê-lo.
Como sou um cara curioso e atento a tudo que me cerca, certa vez, li numa publicação qualquer que se tomarmos banho de olhos fechados, os nossos neurônios serão estimulados e ativados a nos proporcionar uma dimensão diferente do tempo. Resolvi experimentar. Isso já faz uns três ou quatro anos, e desde então o meu tempo se tornou elástico. Eu tenho tempo para tudo, e como efeito colateral deixei de ter pressa.
Mas, na realidade, só existe um tempo: o presente. É nesse espaço de tempo que vivemos. É o momento. O passado já passou e o futuro ainda não chegou. Porém, é mais confortável viver do passado ou das expectativas do futuro do que enfrentar o presente.
Segundo Santo Agostinho em suas Confissões, livro XI, “O tempo é presente, enquanto nenhum tempo é todo ele presente: e veja que todo o passado é obrigado a recuar a partir do futuro, e que todo o futuro se segue a partir de um passado, e que todo o passado e futuro são criados e derivam daquilo que é sempre presente”
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

O ser humano, esse indivíduo tão complexo, composto por tantas variáveis e tantas dúvidas, às vezes indecifráveis, vive num oceano de desejos inexplicáveis e nem sempre realizáveis, porque para a maioria falta o autoconhecimento. 

A falta de entendimento do que somos e para o que aqui estamos concorre também para essa confusão existencial, fazendo que passemos nossa vida correndo de um lado para outro, desperdiçando o capital com que Deus nos dotou: o tempo. O tempo é um componente inerente a toda criação: humana, animal, vegetal e mineral distribuído igualmente para todos. Tudo é regido por esse elemento. Daí a necessidade de administrá-lo de forma inteligente e produtiva. Tempo é uma questão de administração e de preferência.

…E os Nãos???

O não está presente na história da humanidade desde o princípio. Começa quando Javé – ou Jeová, o deus bíblico do Antigo Testamento – diz para Adão: “Você pode comer de todas as árvores do jardim. Mas não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque o dia em que dela comer, com certeza, você morrerá” (Gênesis, 2:16-8). Preliminarmente, essa passagem da Bíblia me parece uma incongruência, porque desde o início dos tempos se morre, portanto, a morte não é nenhum castigo e todos vamos morrer. E esse não que foi desobedecido ficou marcado como a origem do “pecado original”, um termo postulado por Santo Agostinho e veementemente contestado pelo monge bretão Pelágio, que por esse motivo acabou sendo excomungado da Igreja.

“O amor é sábio, o ódio é estúpido”

“O AMOR É SÁBIO, O ÓDIO É ESTÚPIDO”
Estamos vivendo tempos de muita perplexidade, de espanto, de questionamentos nunca antes considerados. Mais do que nunca, o procedimento dos políticos de todos os partidos ficou explícito de forma escancarada provocando estupefação na população.
Ficou claro que os políticos não agem por ideal. Os partidos têm um programa que, se valesse o escrito resolveria todos os problemas do país, tão abrangentes e profundos são os seus propósitos. Mas é tudo letra vazia e superficial. Escrevem uma coisa e fazem outra completamente diferente.
Ficou claro também que os empresários e empreiteiros não têm ética. Têm interesses. Quando muda o governo, nas três esferas do poder, municipal, estadual e nacional, os negociantes esperam a posse para se apresentar com duas perguntas: “Quanto? E para quem?” E a partir daí elaboram suas planilhas de custos e seus projetos para poder remunerar a quem de “direito”. É tudo muito hipócrita e desalentador.
E agora quando aparece um juiz competente, corajoso e destemido que decidiu encarar todo esse malfeito e julgá-lo, começam a pipocar os boatos a respeito de sua integridade e de sua ação, buscando macular todo esse procedimento, tentando obstaculizar o seu trabalho, levantando dúvidas a seu respeito.
Nenhum de nós é perfeito. Antes de apontarmos o dedo para quem quer que seja, devemos primeiro olhar no espelho e verificar se somos anjos puros e imaculados para condenar um homem que está a desmascarar toda essa parafernália de corrupção. Ele também não é perfeito. Naturalmente cometerá equívocos. Mas o conjunto da obra é altamente alentador para a população. Daí o apoio que tem recebido. Os que não têm argumentos para defender os seus erros procuram então denegrir a imagem do juiz para comprometer o trabalho dele.
Infelizmente todos os partidos têm políticos corruptos, cuja ação é condenável. E todos devem ser processados, como já vem sendo feito, com todo direito de defesa previsto pela lei. É de se ressaltar que os julgamentos do juiz Moro enfrentando os maiores advogados do país, pagos a preço de ouro pelos implicados, têm sido confirmados pelo Supremo Tribunal Federal. O que já é um indicador da justeza de suas decisões.
Esse desalento que se abate sobre a população acabou gerando situações de confronto, de disputa, de conflitos, de um lado, de maneira espontânea pelo povo e de outro, remunerado e financiado pelos movimentos sindicais que sentem que terão suas “boquinhas” eliminadas.
E acabam causando situações extremas que devem ser evitadas, de um lado e de outro, insuflando ódio e lutas que podem causar prejuízos insanáveis à nossa população.
O título deste artigo foi inspirado numa declaração do filósofo, matemático e escritor Bertrand Russel (1872-1970), que em 1960 numa entrevista, perguntado sobre o que deixaria registrado para a posteridade (supondo que esta gravação fosse vista por nossos descendentes como foram os Manuscritos do Mar Morto, após centenas de anos), sobre o que valeria a pena dizer a esta geração sobre a vida que ele levou e as lições que dela aprendeu, assim se pronunciou:
“Gostaria de dizer duas coisas, uma intelectual e outra moral.
A intelectual: Quando estiver estudando qualquer tema ou considerando qualquer assunto, pergunte a si mesmo: Quais são os fatos? E qual é a verdade que os fatos sustentam? Nunca se deixe desviar, seja pelo que deseja acreditar ou pelo que acredita que lhe  traria benefícios se assim fosse acreditado. Observe única e indubitavelmente quais são os fatos.
A moral: O amor é sábio, o ódio é estúpido. Neste mundo, que se torna cada vez mais interconectado, temos que aprender a tolerar-nos uns aos outros, temos que aprender e aceitar o fato de que alguém nos dirá coisas de que não gostaremos. Só podemos viver juntos dessa maneira. Se vamos viver juntos, e não morrer juntos devemos aprender um pouco de caridade e um pouco de tolerância, que é absolutamente vital para a continuação da vida no planeta”.
Nada mais atual e nada mais verdadeiro.
Falta ao ser humano a dimensão da eternidade. Ainda não aprendeu que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Mais cedo ou mais tarde, cada um de nós colherá o que plantou.
Li no Facebook na página do Roberto Tadeu Galante, uma frase que eu gostaria de ter escrito, que subscrevo integralmente:
“Ainda não sou o que gostaria de ser, mas graças a Deus, já não sou quem eu era”.
Dixit.
Heitor Freire – Corretor de imóveis e advogado.

Estamos vivendo tempos de muita perplexidade, de espanto, de questionamentos nunca antes considerados. Mais do que nunca, o procedimento dos políticos de todos os partidos ficou explícito de forma escancarada provocando estupefação na população.

Ficou claro que os políticos não agem por ideal. Os partidos têm um programa que, se valesse o escrito resolveria todos os problemas do país, tão abrangentes e profundos são os seus propósitos. Mas é tudo letra vazia e superficial. Escrevem uma coisa e fazem outra completamente diferente.

“Isto Também Passará…”

Para tudo há uma ocasião certa;
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu:

tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou,

tempo de matar e tempo de curar,
tempo de derrubar e tempo de construir,

tempo de chorar e tempo de rir,
tempo de prantear e tempo de dançar (…)

Eclesiastes 3:1-4

A Bíblia Sagrada já nos alertava, desde sempre, sobre as diferentes situações em que nos vemos inseridos em nossas vidas. Situações de pânico, de dor, de sofrimento, de prazer, de realizações, de felicidade, de vitória.

100 anos

100 ANOS
Quando uma instituição alcança a marca de 100 anos de existência, tornando-se secular, reveste-se de uma sacralidade superior. É a posição que a vetusta Associação Beneficente de Campo Grande, a Santa Casa, ostenta hoje.
Em agosto de 1917, alguns cidadãos da nascente freguesia de Santo Antônio de Campo Grande, sentindo a necessidade de construir um hospital para prestar serviço médico-hospitalar, uniram-se sob a liderança de Eduardo Santos Pereira, Bernardo Franco Baís e Vitor M. Pache a fim iniciar uma campanha para levantar fundos e dar início à empreitada.
Conseguiram sensibilizar a população, pois arrecadaram 27 mil contos de réis, uma soma tão elevada que permitiu a Bernardo Franco Baís, em 1920, adquirir por 10 mil contos de reis um terreno com 60 mil metros quadrados nos altos das ruas  Rui Barbosa e 13 de maio, e ali construir a Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande, para “atender aos desvalidos e indigentes” de nossa cidade.
O hospital, inaugurado em 1928, dispunha inicialmente de 40 leitos e teve seu projeto elaborado por Camillo Boni, um arquiteto italiano radicado em Campo Grande que muito contribuiu para o progresso da nossa comunidade.
Nesse período de 100 anos é emocionante constatar que, apesar das dificuldades em toda a trajetória, um grupo de pessoas honradas e dedicadas se uniu com determinação em torno de um ideal nobre, salvar vidas e curar os doentes.
Desde o começo os líderes da cidade se revezaram na direção da entidade. O primeiro presidente eleito em 1919 foi o capitão médico Eusébio Teixeira, tendo como vice-presidente Bernardo Franco Baís, que acabou por assumir a presidência após a renúncia do titular, transferido de Campo Grande. Baís exerceu a presidência até 1925, quando assumiu Eduardo Santos Pereira.
A continuidade da instituição foi mantida principalmente pela permanência prolongada de alguns presidentes que assim foram se especializando na administração do hospital, como Eduardo Santos Pereira, presidente de 1925 a 1932; Juvenal Alves Corrêa, de 1933 a 1946; Aikel Mansour, de 1947 a 1961; José Nasser, de 1962 a 1971; e, Arthur D’Ávila Filho, o mais longevo, que exerceu o cargo por 15 anos ao longo de cinco mandatos intercalados a partir de 1975.
A atual administração, presidida por Esacheu Cipriano Nascimento – que está, pela terceira vez, dirigindo nossa associação –, deu início no último dia 17 às festividades do primeiro centenário da Santa Casa, com descerramento da placa do prédio principal do  hospital, que leva o nome de Arthur D’Ávila Filho.
O evento também homenageou algumas pessoas que se tornaram caras à entidade pela contribuição que deram ao longo de sua história, como Maria Aparecida D’Ávila, Pedro Pedrossian, Maria Aparecida Pedrossian, Celso Costa, Eudes Costa, Giannino Camillo e Silvano Cola.
Foram homenageados ainda os ex-presidentes Juvêncio César da Fonseca, Athayde Nery de Freitas, Renato Alves Ribeiro, Sinval Martins de Araújo, Elias Gazal Dib e Wilson Levi Teslenco.
As festividades terão continuidade no dia 1º de abril com o lançamento do selo comemorativo do centenário, cuja cerimônia de obliteração será conduzida pela diretoria regional dos Correios e Telégrafos. Na mesma data será lançada a revista trimestral da Santa Casa.
Dando prosseguimento aos eventos comemorativos, teremos no dia 18 de agosto o lançamento do livro que retratará a história do hospital e haverá uma justa homenagem às pessoas que contribuíram efetivamente durante todo o centenário da entidade.
Para finalizar, destaco dois momentos magnos da história da Santa Casa: em 1928, a inauguração do primeiro pavilhão e em 1980, a inauguração do prédio atual. E houve um momento negro recente, quando da intervenção pelo poder público em 2005, que teve o efeito de unir os associados de uma forma marcante: durante oito anos, até 2013, ocasião em que retomamos a administração da Santa Casa por decisão judicial, mantivemos a chama acesa, elegendo a diretoria a cada dois anos e fortalecendo os laços de união em torno do nosso ideal.
É impressionante em nossa história a incrível insensibilidade dos administradores municipais, destes últimos 20 anos, com a Santa Casa. Desde André Puccinelli, passando por Nelson Trad Filho, Alcides Bernal, Gilmar Olarte, e, agora, que estávamos esperançosos de encontrar apoio por parte do atual prefeito, Marcos Trad, que assim se comprometera, estamos percebendo uma perspectiva pessimista.
Enfim, vamos em frente. Tudo será devidamente registrado no livro do centenário.
Heitor Freire – Diretor Secretário da ABCG.

Quando uma instituição alcança a marca de 100 anos de existência, tornando-se secular, reveste-se de uma sacralidade superior. É a posição que a vetusta Associação Beneficente de Campo Grande, a Santa Casa, ostenta hoje. 

Em agosto de 1917, alguns cidadãos da nascente freguesia de Santo Antônio de Campo Grande, sentindo a necessidade de construir um hospital para prestar serviço médico-hospitalar, uniram-se sob a liderança de Eduardo Santos Pereira, Bernardo Franco Baís e Vitor M. Pache a fim iniciar uma campanha para levantar fundos e dar início à empreitada.

103 anos

Neste 17 de agosto, a Santa Casa de Campo Grande completa 103 anos desde o início da arrecadação de recursos para sua criação. É a instituição mais antiga do nosso estado,  e presta inestimáveis serviços em benefício da nossa população.

104 Anos

A Santa Casa de Campo Grande comemorou neste 17 de agosto, 104 anos do início de atividades de um grupo seleto de cidadãos irmanados pelo ideal divino da compaixão e amor ao próximo. Liderados por Eduardo Santos Pereira, Bernardo Franco Baís, Joaquim Cézar, Camillo Boni, José Alves Quito, João Clímaco Vidal, Enoch Vieira de Almeida, Victor M. Pace e Eusébio Teixeira, entre outros, criaram uma subscrição pública de arrecadação financeira, cuja denominação era, literalmente: “Lista destinada à inscripção das pessoas que contribuem, dando uma esmola, para a creação da SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CAMPO GRANDE, refúgio, em breve tempo, dos doentes pobres e desvalidos”.

11 de outubro de 1977

11 de outubro de 1977
Esta é uma data para ser lembrada para sempre. Foi nesse dia que o presidente Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar nº 31, criando o estado de Mato Grosso do Sul, desmembrando-o do estado de Mato Grosso, instituindo a nova capital em Campo Grande.
Um detalhe interessante é que o presidente Geisel, inicialmente, pensou em denominar o estado como Campo Grande, capital Campo Grande. Mas a nossa gente tinha em seu inconsciente coletivo o nome de Mato Grosso do Sul. Era o nome que estava registrado em nossa memória. Houve uma movimentação maciça que acabou influindo para que o nome fosse Mato Grosso do Sul.
Quando foi divulgada a notícia, uma explosão de euforia tomou conta de todo o estado. Afinal, um sonho quase secular estava sendo concretizado.
O governador de então, em Mato Grosso, nomeado pela ditadura, era o sergipano José Garcia Neto. Outro detalhe de se notar é que, na realidade, o último governador de Mato Grosso uno foi Cássio Leite de Barros, corumbaense, sul-mato-grossense. Ele havia sido eleito vice-governador com José Garcia Neto como governador, em 1974.
Garcia Neto se lançou candidato a senador por Mato Grosso nas eleições de 1978, tendo assim que se desincompatibilizar do cargo com a renúncia ao cargo de governador. Assumiu o vice-governador, Cássio Leite de Barros.
A conquista da criação de Mato Grosso do Sul foi realizada por uma convergência de forças que se manteve unida por muito tempo. Uma vez estabelecido o novo estado, os nossos políticos, até então unidos, começaram uma disputa encarniçada para indicar o primeiro governador. Como eles não chegavam a um consenso, o presidente Geisel nomeou o engenheiro Harry Amorim Costa, de sua confiança, gaúcho, funcionário público federal de alta estirpe, na época diretor-geral do DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento), como nosso primeiro governador.
A instalação do novo estado foi feita em solenidade presidida pelo presidente Ernesto Geisel e a presença de altas autoridades do país e do estado, no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande, no dia 1º de janeiro de 1979.
Tomaram posse o governador do estado, Harry Amorim Costa, os dezoito deputados-constituintes e os quatro primeiros desembargadores do Tribunal de Justiça.
Em seu livro, História de Mato Grosso do Sul, 8ª edição, o professor Hildebrando Campestrini registra um fato curioso: “Não foi redigida a ata de instalação do estado. Falta-lhe o registro de nascimento” (nota nº 380).
O início do novo estado foi muito tumultuado, tanto que no período de um mandato, tivemos três governadores, de 1979 a 1982: Harry Amorim Costa, Marcelo Miranda Soares e Pedro Pedrossian, todos nomeados pelo governo militar, e engenheiros civis. Poderiam ter construído um estado modelo, sonho de Harry. Como o estado nascente não tinha vice-governador, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Londres Machado, assumiu o cargo de governador, nas duas vacâncias havidas.
A implantação do novo estado trouxe muitos benefícios para a população, além, naturalmente, da auto-afirmação do povo, e do status de capital para Campo Grande. Uma das consequências imediatas foi a criação das entidades federadas do comércio e da indústria.
A Federação do Comércio foi fundada em 29 de agosto de 1979 e apostilada no Ministério do Trabalho em 11 de novembro de 1979. Como presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis, participei da fundação da Fecomércio. Fui seu vice-presidente por doze anos.
Em 1982 tivemos a primeira eleição direta para governador. Foi eleito Wilson Barbosa Martins. Em 1983, o ex-presidente Ernesto Geisel foi convidado pelo Sindicato dos Corretores de Imóveis, presidido por mim na época, para receber uma homenagem por ter sido o presidente que sancionou a lei que concedeu aos corretores de imóveis o status de profissional legalmente reconhecido.
Ao recebê-lo no aeroporto fui surpreendido com a presença do governador, Wilson Barbosa Martins e todo o seu secretariado recepcionando o ex-presidente Geisel com honras de chefe de estado, e convidando-o para comparecer à governadoria para receber o título de cidadão sul-mato-grossense que lhe havia sido outorgado pela Assembleia Legislativa, tempos atrás. E assim sucedeu.
O detalhe é que o governador, quando deputado federal teve seu mandato cassado pelo golpe militar. E demonstrou nesse episódio uma grandeza de espírito, desprendimento e uma visão de estadista homenageando aquele que representava um período difícil em nossa história.
Campo Grande, sede do governo, passou por um boom de negócios e de expansão. Sua população aumentou consideravelmente. Localizada no centro geográfico do estado, tudo convergia para Campo Grande. As oportunidades surgiam a cada momento.
A criação do Parque dos Poderes, em uma área de 400 hectares, abrigando os três níveis de governo, numa localização privilegiada, concentrou o poder num só local. O governador Pedro Pedrossian muito contribuiu para isso. O projeto do Parque foi  implantado por ele.
Pedrossian criou também o Parque das Nações Indígenas, que com 109 hectares no centro da cidade, é o nosso Central Park e tornou-se um dos locais mais frequentados pela população da cidade e um motivo de orgulho para todos.
Os governadores que se sucederam no exercício do cargo, foram: Wilson Barbosa Martins (que completou 100 anos no dia 21 de junho passado), que teve o seu mandato completado por seu vice Ramez Tebet (Wilson renunciou para candidatar-se ao Senado Federal, e foi eleito), Marcelo Miranda Soares, Pedro Pedrossian, Wilson Barbosa Martins, José Orcírio Miranda dos Santos (Zeca do PT) por dois mandatos consecutivos, André Puccinelli, também por dois mandatos e o atual governador, Reinaldo Azambuja Silva.
Viva Mato Grosso do Sul!
Heitor Rodrigues Freire – titular da cadeira nº 37 do IHGMS.

Esta é uma data para ser lembrada para sempre. Foi nesse dia que o presidente Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar nº 31, criando o estado de Mato Grosso do Sul, desmembrando-o do estado de Mato Grosso, instituindo a nova capital em Campo Grande.

Um detalhe interessante é que o presidente Geisel, inicialmente, pensou em denominar o estado como Campo Grande, capital Campo Grande. Mas a nossa gente tinha em seu inconsciente coletivo o nome de Mato Grosso do Sul. Era o nome que estava registrado em nossa memória. Houve uma movimentação maciça que acabou influindo para que o nome fosse Mato Grosso do Sul.

1º de maio – Dia do trabalhador

Trabalho como ordem1o DE MAIO
Dia do Trabalhador: história e reflexão
Heitor Freire*
Castigo divino?
A opressão do mais forte sobre o mais fraco existe desde o princípio dos tempos. O trabalhador, desde o início, era considerado um ser inferior, cuja função era servir aos poderosos e sua remuneração era aviltada. Era tratado como servil, inferior, quando não como escravo. Mas aos poucos, lentamente, isso começou a mudar.
Mesmo na Grécia, berço de ouro da humanidade, Aristóteles colocava o trabalho em oposição à liberdade, e Homero via na ociosidade da antiga nobreza grega um objetivo desejável. O trabalho manual era algo penoso e vil, que devia ser executado por mulheres, servos e escravos.
Passando pela tradição judaica, até épocas históricas mais recentes, como o período feudal, em que a Igreja considerava o trabalho como resultado do pecado original, e por meio do qual Adão foi destinado a ganhar o pão de cada dia com o suor do seu rosto, o trabalho braçal sempre foi visto como um castigo, ou uma tortura, conforme o próprio significado da palavra latina que lhe dá origem (“tripallium” – instrumento de tortura).
Caminho para a salvação?
Até a Idade Média, o trabalho tinha má reputação. Mas Martinho Lutero, em sua ética protestante, inverteu essa premissa e o elevou a um novo patamar, como um dever divino. No século XVI, Lutero declarou a ociosidade como um pecado. “O homem nasce para trabalhar”, escreveu. Para ele, além de um serviço divino, o trabalho é também uma vocação. No puritanismo anglo-americano, ele é visto como uma oportunidade concedida por Deus. Isso, entre outras coisas, contribuiu historicamente para acelerar o desenvolvimento do capitalismo. A ética protestante repousa na sua ética.
A reforma protestante desenvolveu uma análise que alteraria o pensamento cristão a seu respeito, contrariando a visão do catolicismo, que mais tarde adotou uma posição parecida. Nessa nova visão, o trabalho aparece como o fundamento de toda a vida, constituindo uma virtude e um dos caminhos para a salvação. A profissão de cada fiel passa a ser vista como vocação, e a preguiça, em oposição, é considerada perniciosa e má. O que, em termos, se contrapõe à ordem natural do mundo.
O sociólogo e economista alemão Max Webber, considerado um dos pais da sociologia moderna e grande estudioso dos fundamentos do capitalismo, ao se debruçar sobre a relação entre a ética protestante e o espírito do capitalismo, procurou demonstrar em profundidade essa mudança de atitude em relação ao trabalho.
Na doutrina protestante, passou a ser encarado como uma virtude, e, ao trabalhar arduamente, pode-se chegar ao êxito na vida material, uma expressão da bênção divina sobre os homens. Mas, a riqueza depositada nas mãos de alguns (poucos) homens não deve ser utilizada para ostentação ou mesmo para os gastos sem necessidade. O cristão protestante deve levar uma vida sóbria e modesta, e tudo o que conseguir poupar deve ser reinvestido, gerando mais oportunidade para outros trabalharem.
Linha de montagem
A concepção puritana e protestante em relação ao trabalho vai servir muito bem à burguesia comercial e depois à elite industrial, que precisava de homens dedicados, humildes e obedientes em relação às suas condições e aos baixos salários.
Na segunda metade do século XVIII, teve início a Revolução Industrial na Europa. Um movimento lento e irreversível, que logo ganharia impulso mundial. Conforme a população crescia, diminuía a abundância de áreas cultiváveis. As pessoas migraram para as cidades em busca de sustento em fábricas rudimentares e fundições arcaicas. Em 1850, muitos ingleses cumpriam 14 horas por dia, seis dias por semana. Os salários mal davam para o trabalhador sobreviver e manter sua família. Inovações como a máquina a vapor e o tear mecânico multiplicaram a produção, que passou a ganhar escala. Os grandes galpões com torres exalando fumaça logo se tornariam o símbolo desse novo modo de produção. A linha de montagem seria o passo seguinte.
Luta por direitos
Com o advento das fábricas, surge uma nova classe: o proletariado. Para o filósofo e economista alemão Karl Marx, que cunhou esse termo, o trabalho é a essência do homem. As bases do marxismo se tornariam a semente para a conquista dos direitos trabalhistas, alcançados a duras penas ao longo do século XX.
Apesar de tudo isso, a classe operária só conseguiu sua emancipação com muita luta e sacrifício, inclusive de vidas, a exemplo do que aconteceu no dia 1º de maio de 1886. Nesse dia, milhares de pessoas foram às ruas em Chicago para protestar contra as condições desumanas a que eram submetidas e exigir a redução da jornada de 13 para 8 horas diárias. A repressão ao movimento foi dura, com prisões, muitos feridos e até mesmo trabalhadores mortos nos confrontos com  a polícia.
Em memória aos mártires de Chicago e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de Maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalhador.
No Brasil, o feriado começou pela influência de imigrantes europeus, que a partir de 1917 resolveram fazer greve para reivindicar seus direitos. Em 1924, o presidente Artur Bernardes decretou essa data como feriado nacional.
Além de ser um dia de descanso, o 1º de Maio é uma data com diversas ações voltadas para os trabalhadores. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi anunciada no dia 1º de maio de 1943, pelo presidente Getúlio Vargas. Por muito tempo, o reajuste anual do salário mínimo também acontecia no Dia do Trabalhador.
A lei do trabalho é a que rege todo o processo organizacional. Todos devemos trabalhar sempre. Ele dignifica o homem, como bem conceituou Lutero. É por seu intermédio que o homem desenvolve sua inteligência e criatividade, contribuindo para a evolução da humanidade.
Não há descanso. A ilusão de que haverá um momento em que ficaremos no eterno “laissez-faire” é falsa, o “dolce far niente” também.
As leis universais são os pilares da criação e regulam os movimentos e atividades tanto da vida humana quanto de todo o cosmos. Elas indicam o caminho a seguir, para o nosso aperfeiçoamento e evolução. Cumprem essa finalidade porque nelas está plasmada a vontade do Criador, que estabelece a evolução integral e permanente do homem. Para que possamos alcançar a evolução é imprescindível termos consciência dessas leis.
Neste momento em que se comemora o Dia do Trabalhador é preciso, além de  reconhecer o valor  social do trabalho, transmitir ao trabalhador uma visão espiritual, para que ele entenda que está inserido num plano maior, a dimensão da eternidade, sem a qual vai continuar de cabeça baixa, considerando-se explorado. Adquirindo  uma visão superior a respeito de si mesmo, o trabalhador se valorizará como participante efetivo da evolução da humanidade e defenderá com consciência sua colaboração no concerto geral das coisas.
*Heitor Rodrigues Freire – Titular da cadeira n. 37 (patrono: Harry Amorim Costa) do Instituto Histórico e Geográfico de MS.
Trabalhar, nunca mais
nunca mais
Trabalho como ordem divina
Trabalhar, nunca mais

1o DE MAIO

Dia do Trabalhador: história e reflexão

Heitor Freire*

 

Castigo divino?

 

A opressão do mais forte sobre o mais fraco existe desde o princípio dos tempos. O trabalhador, desde o início, era considerado um ser inferior, cuja função era servir aos poderosos e sua remuneração era aviltada. Era tratado como servil, inferior, quando não como escravo. Mas aos poucos, lentamente, isso começou a mudar.

Mesmo na Grécia, berço de ouro da humanidade, Aristóteles colocava o trabalho em oposição à liberdade, e Homero via na ociosidade da antiga nobreza grega um objetivo desejável. O trabalho manual era algo penoso e vil, que devia ser executado por mulheres, servos e escravos.

Passando pela tradição judaica, até épocas históricas mais recentes, como o período feudal, em que a Igreja considerava o trabalho como resultado do pecado original, e por meio do qual Adão foi destinado a ganhar o pão de cada dia com o suor do seu rosto, o trabalho braçal sempre foi visto como um castigo, ou uma tortura, conforme o próprio significado da palavra latina que lhe dá origem (“tripallium” – instrumento de tortura).

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