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Heitor Freire

Ab Imo Pectore

Uma das coisas que identifiquei em mim há algum tempo era a falta de sintonia entre o que eu falava e o que eu fazia. Quando percebi isso, me causou um grande desconforto. Me senti fragilizado. Diminuído. Quando comecei a fazer uma auto-análise do meu comportamento e detectei essa situação, consegui, aos poucos, mudar isso.
Considero fundamental uma coerência entre o que se fala e o que se faz. O apóstolo Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 9, versículo 27, diz: “… para não acontecer que eu proclame a mensagem aos outros, e eu mesmo venha a ser reprovado”. Este versículo vem bem a propósito do que afirmei inicialmente. Se o que eu falo e escrevo não representar clara e sinceramente os meus atos, eu estaria então fazendo um jogo de cena, simulando um entendimento, que não alcancei ou que não vivi, e que em consequência seria falso.
Escrevi tempos atrás no artigo “Da Gentileza e da Alegria de Viver”, sobre a experiência que vivi no Posto Municipal de Saúde dr. Jair Garcia de Freitas, relatando o atendimento que ali me foi dado. Pois bem. Instado pela senhora que me atendeu inicialmente, naquela oportunidade, a respeito da excelência do tratamento dentário proporcionado pelo posto, por intermédio do cirurgião-dentista Flávio Lechuga Capriata, decidi fazer uma consulta.
Eu que achava que os meus dentes estavam em ordem, fiz a consulta, e para minha surpresa, o dr. Flávio constatou a necessidade de fazer algumas restaurações que, com o tempo, tenho 71 anos, se tornaram indispensáveis. Assim, me dispus ao procedimento. Mais uma agradabilíssima surpresa: a qualidade do atendimento, a confirmação do tratamento e a vocação consciente para um trabalho profissional de grande quilate. O dr. Flávio é assessorado pela Deni do Nascimento, atendente e auxiliar no tratamento, que também prima pela mesma cartilha. Eu me senti como cliente particular porque quando, por circunstâncias, haveria uma mudança da data do atendimento, a tempo e hora, a Deni informava e já marcava a nova data.
Ou seja, mais uma vez me sinto no dever de externar publicamente meu agradecimento pelo tratamento que recebi e, ao mesmo tempo, concito a nossa população a procurar por esse atendimento. Tenho plena certeza que ficarão muito satisfeitos. Hoje é muito comum as pessoas reclamarem de tudo, principalmente do atendimento na rede pública de saúde. Por isso fica aqui o meu testemunho.
Sinto que o que se pratica naquele posto de saúde é que se compreendeu a verdadeira natureza do ser humano, aprendendo a viver em harmonia com a lei natural, a sensação de bem estar e o relacionamento prazeroso no trabalho. No fazer do dever bem feito. Como muito bem disse Khalil Gibran, em O Profeta: “trabalhar com amor … é tecer a tela com fios tirados do coração, como se aquele tecido fosse vestir a própria pessoa amada”.
O que faço aqui é um ato de agradecimento pelo tratamento que me foi dispensado. E sinto que a nossa vida transcorre com um fluir natural, alegre, consciente, quando buscamos em nosso coração o sentimento para expressar o nosso entendimento. A vida é maravilhosa, é um dom de Deus, Pai Altíssimo, a oportunidade para que cada um se transforme no seu próprio mestre.
Ab Imo Pectore, do fundo do coração, é como sinto neste momento essa alegria que este agradecimento me proporciona e que representa também a integração harmoniosa de todos os elementos e forças que estruturam o campo da existência, que se expande da mesma forma, como bem afirma Deepak Chopra, em seu livro As Sete Leis Espirituais do Sucesso, complementando: “A mera experiência da gratidão lhe permite participar da lei da doação”.

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Heitor Freire

Noblesse Oblige

Todos nós, seres humanos, somos filhos do nosso Pai Altíssimo, que nos criou livres e iguais para, assim, termos a oportunidade de nos desenvolver pelos nossos próprios meios, para cada um conquistar a própria evolução. A única diferença que existe entre todos é exatamente a capacidade de utilizar o conhecimento com que fomos dotados. Depende de cada um.
No livro Deuteronômio, o quinto do Pentateuco, da Bíblia Sagrada, em seu capítulo 30, versículos 11 a 14, Deus declara claramente a Moisés: “Este mandamento que hoje lhe ordeno não é muito difícil, nem está fora do seu alcance. Ele não está no céu, para que você fique perguntando: ‘Quem subirá por nós até o céu para trazê-lo a nós, a fim de que possamos ouvi-lo e colocá-lo em prática?’ Também não está no além-mar, para que você fique perguntando: ‘Quem atravessará por nós o mar, para trazer esse mandamento a nós, a fim de que possamos ouvi-lo e colocá-lo em prática?’ Sim essa palavra está ao seu alcance: está na sua boca e no seu coração, para que você o coloque em prática”.
Assim Deus deu a cada um de nós o mesmo mandamento e da mesma forma, igualitariamente. O mandamento do Pai Altíssimo está em nossa palavra e em nosso sentimento. Cabe a cada um procurá-lo, encontrá-lo e praticá-lo. Somos todos nós nobres de origem, independentemente de raça, nacionalidade, religião, época.
Dessa forma o nosso comportamento deve sempre ser nobre, pois noblesse oblige: nobreza obriga. Devemos sempre agir de uma forma que esteja de acordo com a nossa natureza, com a nossa graduação original e com a nossa consciência. Indo diretamente à fonte, que está em nosso coração.
A tradução literal desta frase quer dizer “a nobreza manda” e, para entendê-la, é bom que se volte um pouco no tempo e que pensemos em história. Houve uma época em que as normas de conduta ética e moral eram transmitidas às novas gerações pelas classes dominantes: a aristocracia, os intelectuais, os escritores, os artistas, ou seja, por aquela categoria de pessoas que tinha acesso ao conhecimento e que, por causa disso, eram exemplos de conduta a serem seguidos. Isso tudo mudou (e muito, infelizmente!) hoje em dia, mas o significado da frase ainda permanece o mesmo. Quando, por exemplo, nos defrontamos com uma situação em que o outro lado age de maneira rude, ou de forma errada, “noblesse oblige”: que, independentemente de quão rude agiu o outro lado, jamais saiamos da atitude cuja educação diz ser a correta – e quase sempre essa atitude acaba desarmando ou “neutralizando” a incorreção cometida pelo outro lado.
Noblesse oblige é uma frase que deveria se fazer mais presente em nosso cotidiano e sobre a qual deveríamos refletir com mais frequência.
Na realidade, houve uma renúncia, por desconhecimento, ao direito que cada um tem de acessar o seu coração e obter diretamente, sem intercessão de quem quer que seja, a aproximação, a ligação direta com o nosso Pai. Sem dogmas, sem ritualística, sem liturgia.
O primeiro passo, para a evolução é o discernimento. E o que é o discernimento? A capacidade de decidir por nós mesmos o que fazer, sem nos deixar influenciar por quem quer que seja. “Tudo é permitido. Mas nem tudo convém. Tudo é permitido. Mas nem tudo edifica.” São palavras de Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 23.
Paulo também pontifica na Carta aos Gálatas, capítulo 5, versículos 22 e 23: “Mas o fruto do Espírito é amor, é alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. Mostrando dessa maneira o caminho para a aplicação do mandamento que Deus nos concedeu e que colocou em nosso sentimento (coração) e em nossa palavra (boca).
Já que estamos com Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 13, magistralmente, mostra que o caminho que ultrapassa todos os dons e ao qual todas as pessoas devem aspirar é o amor. O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva as pessoas a discernir as situações e a criar gestos oportunos. No versículo 13, encerra magnificamente: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”.
Voltando então à noblesse oblige, não nos deixemos dominar por outro sentimento que não seja o amor, que tudo encerra e tudo engloba.

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Heitor Freire

Do Corretor de Imóveis

O corretor de imóveis é um profissional que evoluiu de uma forma embrionária, inicialmente disforme, porque inicialmente não havia nenhuma exigência para o exercício da profissão: bastava saber vender. O que também não era requisito, pois, quando um bancário, por exemplo, perdia o emprego, procurava uma atividade de venda, enquanto não surgisse outra oportunidade, o que acabou gerando o epíteto de marreteiro, picareta, para os corretores de imóveis de antanho. Os próprios colegas, no começo, não tinham também uma noção da grandeza do seu trabalho.
Com a evolução dos negócios, o exercício da profissão passou a exigir um conhecimento específico. Tanto que hoje o corretor de imóveis deve necessariamente, ter noção de direito, de economia, de arquitetura, de engenharia, de agrimensura, de psicologia, enfim, de um conjunto de informações que lhe possibilitem uma prática rentável na profissão.
Nós, corretores de imóveis, trabalhamos no terceiro bem mais importante do mundo: o primeiro é a vida, o segundo a saúde, e o terceiro é o patrimônio, onde nós exercemos o nosso múnus profissional.
Hoje, já há uma legislação específica que norteia o exercício da profissão. Houve inicialmente uma lei que reconheceu a nossa profissão: Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962, que foi promulgada pelo senador Auro  Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional. Depois esta lei foi considerada inconstitucional.
A luta continuou. Finalmente em 12 de maio de 1978, a Lei n º 6.530, sancionada pelo presidente Ernesto Geisel, veio a consagrar a profissão de corretor de imóveis legalmente.
Mas faltava mais: um status que consagrasse o corretor de imóveis como profissional liberal, que para isso necessitaria de uma formação curricular mínima para ser assim considerado.
Mato Grosso do Sul é um estado que se destaca no cenário nacional do mercado imobiliário pela capacidade dos dirigentes das entidades representativas dos corretores de imóveis: foi aqui que nasceu a tese que foi apresentada no XIII Congresso dos Corretores de Imóveis do Brasil, realizado em Porto Alegre, no ano de 1988, elaborada por Levi Faustino Ratier e apresentada pelo corretor de imóveis, Jorge Musa Tuma,  que obteve aprovação por unanimidade. Estava dado o grande passo.
A luta continuou no âmbito interno da classe, porque os sindicatos das grandes cidades não queriam perder os cargos que detinham nas federações de comércio de seus estados.
Finalmente, com a aquiescência do sindicato do Estado de São Paulo, o maior do país, conseguiu-se a criação da  Federação Nacional de Corretores de Imóveis (Fenaci).
Hoje para ser inscrito no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), o interessado tem que ter um diploma de Técnico em Transações Imobiliárias, único documento que o habilita para o exercício da profissão. O que veio, naturalmente, a contribuir para o aprimoramento de todos.
Os corretores de imóveis do nosso estado têm uma característica única: sabem ser gratos. Em outubro de 1983, realizamos aqui em Campo Grande o XII Congresso dos Corretores de Imóveis do Brasil. Para esta realização, foi necessária a união de alguns colegas, que, sentindo a enorme dificuldade que se apresentava, não mediram esforços. Destaco os colegas que se uniram a mim, presidente do Sindicato à época, e realizaram um trabalho de gigantes: Levi Faustino Ratier, Claudemir das Neves, Carlos Roberto Charles Figueiredo Gonçalves, Onofre Rodrigues Santana e Farid Sandre de Melo.
Nesse congresso, o ponto alto foi a homenagem que prestamos ao ex-presidente Ernesto Geisel, que sancionou a Lei nº 6.530. Ele disse na ocasião que, em seu governo, promoveu o reconhecimento de mais de 30 profissões, e, até aquela data, nenhuma dessas profissões o havia reconhecido como seu benfeitor.
Hoje, temos um legado que aí está cumprindo o seu papel histórico. O atual presidente do Creci é o Eduardo Francisco Castro, do Sindicato, James Antônio Gomes, da Câmara de Valores Imobiliários, Misael Hélio Lacerda Lemos e do Secovi, Marcos Augusto Netto.
Hoje, em nosso estado, temos 2.870 corretores de imóveis exercendo a profissão. Em Campo Grande, 1.686, o que dá uma idéia do nível de grandeza do nosso trabalho.
O corretor de imóveis consciente é um profissional que se destaca pela seriedade, honestidade, determinação, confiabilidade, zelo profissional, confidencialidade e que tem noção de que o seu patrimônio é o cliente. A pujança do nosso mercado, tudo lhe deve.
Não podemos deixar de registrar um fato importante no panorama do mercado imobiliário: a participação crescente da mulher, que, com sua inteligência, graça, delicadeza, leveza e beleza, está tornando o nosso mundo profissional mais agradável.
O vereador Paulo Pedra – que também é corretor de imóveis – apresentou na Câmara Municipal um projeto de lei propondo a criação do dia do corretor de imóveis em 27 de agosto – que já é a data nacional da categoria –, aprovado por unanimidade por aquela Casa de Leis. No dia 24 de agosto último foi realizada a primeira sessão de homenagens alusivas à data.
Todos nós corretores de imóveis estamos de parabéns, por mais essa conquista.

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Heitor Freire

Um Grande Chef

Campo Grande teve, entre seus filhos, um grande chef de ascendência libanesa, recentemente falecido e que soube trabalhar com muita competência em seu mister profissional. Trata-se de William Chebel Duailibi.
Filho de Chebel Duailibi, que comercializava diamantes.
Quando era ainda adolescente, William teve uma atuação que marcou a história da inauguração da piscina do Rádio Clube. O acontecimento da inauguração foi tão marcante que polarizou a atenção de toda a nossa sociedade de então. Foi tão chique que um das dondocas resolveu nadar com seu anel de brilhantes. Ao sair da piscina, olhou para o seu dedo e cadê o anel?
Foi um drama. Choro, reclamação, condenação do marido: “Onde se viu nadar com anel de brilhantes?”. Enquanto todos comentavam, William, que já era um nadador competente, mergulhou uma, duas, três vezes, até que conseguiu encontrar o anel no fundo da piscina. Foi uma consagração. Saudado como verdadeiro herói e salvador de um casamento.
Foi sargento da Aeronáutica. Mas o seu espírito de comerciante, aliado ao seu sangue fenício, logo começou a se manifestar gerando uma insatisfação com a rotina da caserna, não conseguindo identificar o que lhe causava esse estado de coisas.
Sua vida começou a tomar o seu rumo natural quando seu tio Jorge Duailibi, comerciante tradicional em nossa cidade, dono da loja A Brasileira, adquiriu para ele, uma franquia, criando uma lanchonete que marcaria época em nossa cidade: o Haiti, na Rua Don Aquino, o que o levou a pedir baixa da Aeronáutica. Foi um sucesso desde o começo. Inicialmente houve uma grande expectativa na cidade, que logo se confirmou com a preferência que conquistou.
A inovação do Haiti marcou uma nova forma de fazer e de comercializar salgados. O mate gelado – produto da nossa fronteira com o Paraguai – também contribuiu para consolidar essa lanchonete. Após um longo período, William passou o negócio para frente.
Depois de alguns anos resolveu montar um novo negócio. No mesmo ramo, criou o Mini-Lanches, localizado na Rua 14 de Julho, no térreo do Edifício São José, que também marcou época. Os salgados ali servidos eram de primeira qualidade: esfihas, quibes, coxinhas; o suco de laranja era o carro-chefe. Vendia tanto que às vezes, ao fechar a lanchonete, o William, beijava a máquina de produzir o suco. Servia também refeições ligeiras.
O William era careca. E resolveu inovar também no visual. Foi o primeiro que eu saiba, em Campo Grande, a fazer implante de cabelo. Quando os primeiros cabelos começaram a brotar naquela careca luzidia, acontecia que os fios saíam um pouco desalinhados conferindo-lhe um aspecto cômico.
Uma vez um freguês, querendo tirar sarro na cara do William, perguntou-lhe: “Como é esse cabelo que fica assim tão desalinhado, esquisito, de onde foi tirado?” William paciente e didaticamente informava que era retirado da parte posterior da cabeça e que ao crescer, por falta de apoio, ficava com esse aspecto, mas que quando nascessem os outros fios implantados, teria sustentação. No dia seguinte, novamente o tal cliente fez a mesma pergunta e William, novamente explicou pacientemente.
Quando no terceiro dia a pergunta foi repetida: “De onde foi tirado o cabelo?” Percebendo o caráter de gozação, respondeu agressivamente: “Do pentelho da sua mãe seu fdp”. E já pulou o balcão para dar uma surra no gozador, que saiu correndo com meio quibe na boca.
Durante esse período, William disputou uma concorrência na Vasp, com o objetivo de ganhar a Comissaria – provedora de salgados e comestíveis para as suas aeronaves – e acabou ganhando. Também nessa especialidade ele inovou pela qualidade dos salgados e pela sua variedade. Ele sempre foi muito criativo.
Naquela época, a Vasp era a Vasp, ou seja, uma empresa área que só ficava atrás da Varig. O padrão dos alimentos que o William fabricava, era de nível internacional. Aos poucos ele foi influenciando as demais comissarias do país.
O William, tendo sempre uma visão pioneira e corajosa: buscava alternativas ligadas ao ramo da alimentação. Percebendo um novo nicho no mercado, dedicou-se também ao ramo de Buffet.
Ele e o Cantero (José Ramão Cantero) foram precursores nesse ramo. O Cantero, de ascendência paraguaia, tinha em comum com o William o fato de terem servido como sargentos na Aeronáutica e serem ambos fornecedores dos serviços de bordo dos aviões comerciais da época: na Vasp (William) e na Cruzeiro do Sul (Cantero).
Quando o Cantero deu baixa da Aeronáutica, dedicou-se ao ramo de alimentos. Primeiro com uma churrascaria na Avenida Afonso Pena, que levava o seu nome, onde ele se destacou com a ponta de costela e a apresentação de conjuntos paraguaios, criando um clima típico. Depois adquiriu um terreno com frente para a Rua 26 de agosto e fundos para a então Avenida Marginal, hoje Fernando Corrêa da Costa, onde localizou o seu Buffet.
O William, tanto nas lanchonetes como no Buffet e na comissaria, teve uma grande ajudante: da. Diva, que aguentava suas broncas e também dava as dela e assim aos tapas e beijos trabalharam juntos por muitos anos. Ele tratava a da. Diva, como pessoa de sua família, dando-lhe toda atenção.
Foi durante sua longa vida maçônica, o Grande Mestre de Banquetes do Grande Oriente do Brasil, onde também deu uma contribuição muito importante, fato sempre lembrado e agradecido pelo Grão-Mestre Fadel Tahjer Iunes.
William foi casado com a Joalina, sua esposa de toda a vida, tiveram  três filhos: Marcos, Milene e Cláudio. Logo após o casamento, eles foram morar na Rua 7 de Setembro, em uma vila de propriedade do dr. Paulo Coelho Machado. Ali moravam também os casais recém-formados: Jorge Elias Zahran/Maria José e Arassuay Gomes de Castro/Mariazinha. Ele comentava que nessa ocasião só eles (William e Joalina) tinham geladeira e arrumavam um espaço para os casais amigos guardarem carne.
Ele era um homem voltado para a família. Sempre foi muito previdente. Quando os irmãos Oliva (Vicente e José) lançaram o edifício Don Aquino, ele, de cara, comprou quatro apartamentos: um para ele e um para cada um de seus três filhos. Construiu também um conjunto de sobrados no Bairro Taveirópolis. Deixou um patrimônio razoável.
A Joalina era filha do tenente Guimarães, da reserva do Exército, casado com a da. Mira (Mirandolina), cacerense que nunca perdeu o sotaque. O tenente Guimarães, alegre como todo cuiabano, morreu de um enfarte fulminante numa tarde de domingo no Jockey Club de Campo Grande. Sua morte foi muito sentida pelo inesperado. Era muito querido.
Aos domingos, às vezes em que almoçávamos juntos na casa de meu irmão Hugo, então casado com a Jaci, irmã da Joalina, depois do almoço, enquanto eu fazia a minha sesta, os dois ficavam jogando pôquer: um tentando roubar do outro.
Quando do casamento da minha filha Raquel, William já estava afastado do ramo, perguntou quem faria o jantar e como não havíamos ainda tratado disso, ofereceu-se para fazê-lo. Reuniu novamente a sua equipe com da. Diva à frente e deu-nos de presente o jantar – de gala – que foi servido no Clube Estoril. Isso há 18 anos.
Quando veio a falecer, depois de um longo período doloroso, de uma doença progressiva, teve um velório muito concorrido, apesar do tempo chuvoso. Foi homenageado em discurso emotivo pelo dr. Fadel Tahjer Iunes, ex-Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil e também pelo Santa Rosa (Luiz Gonzaga), que disse, entre outras coisas, que era necessário que alguém escrevesse sobre ele. Também fez uso da palavra nessa ocasião sua filha Milene, com uma fala marcada pelo amor e pela saudade, que emocionou a todos.
Pois bem Santa Rosa, concordando com  sua fala de então, fica a  minha intenção de atender seu pedido.

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Heitor Freire

E a Fênix Renasceu…

Conta uma lenda antiga que havia uma ave chamada fênix, que vivia durante 500 anos. Ao findar esse período, ela se recolhia no alto de uma montanha e se cobria com suas asas, quando se dava um incêndio provocado por sua vontade, e ela era inteiramente consumida. Logo após quando as cinzas se esfriavam, ela, majestosa, renascia de suas próprias cinzas para um novo período de vida. E assim sucessivamente.
A fênix é uma ave da mitologia grega. Outra característica dela é sua força física que a permite transportar cargas muito pesadas como o peso de um elefante.
Quando a ave sentia a morte se aproximar, construía uma pira de ramos de canela, sálvia e mirra em cujas chamas morria queimada. Mas das cinzas erguia-se então uma nova fênix, que colocava piedosamente os restos de sua progenitora num ovo de mirra e voava com ele à cidade egípcia de Heliópolis, onde os colocava no Altar do Sol.
A crença na ave lendária que renasce das próprias cinzas existiu em vários povos da antiguidade, como gregos, egípcios e chineses. Em todas as mitologias o significado é preservado: a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca tem fim.
Para os gregos, a fênix por vezes estava ligada ao deus Hermes e era representada em muitos templos. Há uma analogia da fênix com o Sol, que morre todos os dias no horizonte para renascer no dia seguinte, tornando-se o eterno símbolo da morte e do renascimento da natureza.
Na China antiga a fênix foi representada como uma ave maravilhosa e transformada em símbolo da felicidade, da virtude, da força, da liberdade, e da inteligência. Na sua plumagem, brilham as cinco cores sagradas: roxo, azul, vermelho, branco e dourado.
Pois bem, aqui em Campo Grande, nós testemunhamos um fato semelhante ao renascimento da fênix: no sábado, dia 6 último, a diretoria do Jockey Club esteve reunida sob a presidência de Jamil Name, elegendo os presidentes do Conselho Fiscal, Abdalla Jallad, do Conselho Deliberativo,  Antônio Simão Abrão,  e da Comissão de Corridas,  Mário José Xavier – cumprindo, assim, o compromisso assumido por ocasião da sua eleição.
Com apenas 30 dias da eleição, ocorrida no dia 8 de julho deste ano, já se vê  um resultado efetivo de trabalho, com uma programação de eventos e também, muito importante, as obras físicas no local em ritmo acelerado, para poder permitir a realização das corridas e dos demais acontecimentos previstos.
Foi também divulgada a programação das corridas que serão realizadas no dia 26 de agosto, em comemoração ao aniversário da nossa cidade. Será homenageado Antônio Simão Abrão, turfista desde os 15 anos e hoje com 80. Haverá também o Grande Prêmio João Elias Zahran, inovando assim com as homenagens a pessoas vivas.
Ainda ocorrerão três grandes prêmios, que homenagearão os turfistas que fazem parte da história do turfe sul-mato-grossense:  dr. Paulo  Coelho Machado, Roberto Perez e Valério Carlos da Costa.
Para abrilhantar o evento está prevista a participação de seis dos melhores jóqueis em atuação atualmente: Altair Domingos – hoje atuando na Argentina –, Luís Duarte – ganhador de várias estatísticas como melhor jóquei de São Paulo –, e ainda Valdomiro Blandi, José Aparecido, Zeferino M. Rosa e L. Chimenes. A movimentação está intensa, pois prepara-se um churrasco que será servido à população na esplanada do Jockey Club.
Dessa maneira, como a fênix, o nosso Jockey Club retoma suas atividades a pleno vapor, proporcionando a nossa população mais uma opção de lazer. Como já está claramente programado, agora é continuar com o  trabalho que já começou, resgatando esta entidade basilar de nossa cidade, contribuindo assim para um maior incremento de suas atividades, contando com essa plêiade de homens dedicados, conscientes, que já se colocaram à disposição, porque o trabalho será árduo, muito árduo.
O sentido fundamental do trabalho não é aquilo por que lutamos para viver, mas o que fazemos com nossas vidas. A equipe liderada por Jamil Name, sentindo claramente a sua liderança e dedicação ao trabalho uniu-se em seu entorno e todos juntos estão desenvolvendo uma relação lastreada na amizade. Não na amizade baseada no conhecimento superficial, no interesse imediato,  mas aquela amizade genuína e perfeita cujos exemplos são tão extremamente raros que se tornam memoráveis por sua singularidade, como dizia Marco Túlio Cícero (106-43 a.C) em sua  consideração sobre a amizade: “…Apenas dessa espécie se pode verdadeiramente dizer que exalta as alegrias da prosperidade, e mitiga as tristezas da adversidade, por meio da generosa participação de ambos; de fato, uma das mais destacadas entre as muitas tarefas importantes dessa conexão é exercida no dia da aflição, dispersando o desalento que anuvia a mente, alimentando a esperança de tempos mais felizes, evitando que o espírito deprimido mergulhe num estado de fraqueza e vil desânimo. Quem está de posse de um verdadeiro amigo vê a exata contraparte da própria alma”.
“(…) Se este benevolente princípio, o da amizade, que une assim, intimamente, duas ou mais pessoas no seu âmbito, fosse riscado do coração humano, seria impossível que as famílias e as comunidades públicas sobrevivessem – mesmo os campos jazeriam no abandono e a desolação cobriria a Terra”.
É com essa disposição que a diretoria do Jockey Club está trabalhando.