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Heitor Freire

Reforma de Base

Ultimamente, ouvimos com muita frequência discussões a respeito de reformas: reforma política, reforma tributária, reforma disso, reforma daquilo etc. –  que na realidade, pelo que se observa, é muito barulho por nada, pois de efetivo nada se concretiza.
O PT, em seu “projeto de governo”, (se é que se pode dizer que este partido tenha um projeto para o Brasil,  que, aliás, é uma falha recorrente também em todos os outros partidos políticos), sempre pregou a reforma tributária, afirmavam que quando assumissem o poder baixariam os impostos etc. E o que se viu? Aqui em nosso estado, quando o Zeca do PT assumiu o governo, uma de suas primeiras iniciativas foi criar um imposto: o Fundersul, numa contradição flagrante com o seu discurso. Falam uma coisa e fazem outra: na prática a teoria é outra.
Agora, novamente o mesmo discurso, com as mesmas consequências, ou seja, conversa fiada para boi dormir. A reforma política está tramitando no Congresso Nacional. Vamos ver no que vai dar, embora o enredo seja bem conhecido.
Lao Tsé, chinês, um dos maiores filósofos de todos os tempos, viveu, aproximadamente, no século V antes de Cristo. Essa época, do século VI até o século IV,  pode ser considerada uma era de ouro na história da humanidade, pois nesse período encarnaram Lao Tsé e Confúcio na China, Buda na Índia, Sócrates, Platão, Aristóteles, Péricles, Hipócrates e Pitágoras na Grécia, trazendo assim um desenvolvimento valioso ao nosso planeta.
E Lao Tsé, entre tantos ensinamentos, dizia que “A alma não tem segredo que o comportamento não revele”. Esta digressão vem a respeito do comportamento do povo do PT. A contradição com que este partido age é bem uma confirmação disso.
Mas a reforma que eu vejo hoje (e sempre) como necessária é a verdadeira reforma de base, que cada um de nós deve fazer para ativar o seu próprio aprimoramento.
Em um artigo escrito por Maurício Ferreira, encaminhado para mim por Sandra Maria Chacha Poyer, publicado na Revista Reformador, da Federação Espírita Brasileira (FEB), em agosto de 1996,  ele apresenta um roteiro para priorizar as reformas que cada um deve fazer para o seu próprio aperfeiçoamento e evolução dos hábitos, listando os seguintes passos: combater as paixões, revisão do caráter, reestrutura da personalidade e reforma íntima. Senti que esse artigo abordou com muita propriedade o que realmente se faz necessário.    
O que devemos procurar sempre, é estar atentos para o que fazemos, pensamos, falamos, deixando de agir no modo automático, procurando estar presente em cada momento da nossa vida, o que realmente é muito difícil, pois são muitas as distrações que a cada instante se apresentam e atraem nossa atenção.
O nosso compromisso como seres encarnados é contribuir para a nossa evolução constante. Embora a maioria das pessoas tenha o  foco no ter, agindo de forma a conquistar status, posições de destaque, ganhar muito dinheiro, e busque conquistar a pretensa segurança que decorre do acúmulo dos bens materiais.
E, paradoxalmente, as religiões que supostamente orientariam os seus fiéis no caminho da evolução têm, todas elas, como base de seus ensinamentos o conceito de culpa.  
Uma das grandes causas de traumas da humanidade ocidental cristã é a imposição do  “pecado original”. Esse pecado de origem seria congênito e hereditário, isto é, inato e passaria de uma geração para outra. Todos nós de formação cristã já nasceríamos com a mancha de um pecado para o qual não contribuímos e que nos é imposto por hereditariedade. Nasceu, já é pecador. Pecado contraído de forma hereditária e não cometido, mas penalizado.
Quando da realização do Concílio de Trento (1545-1563), o pecado original foi sacramentado definitivamente na Igreja Católica, consagrando a interpretação de Agostinho, que ganhou, assim, o respaldo oficial da Igreja nesse Concílio, o mais longo de toda a história do catolicismo.
E então para nos livrarmos desse ônus original devemos procurar um meio de entendimento que nos oriente para uma ação eficaz.
Assim, nos termos do artigo de Maurício Ferreira, podemos dizer que “no caso de espíritos encarnados como nós outros, convictos de sermos eternos, certos de que o objetivo último é a perfeição, cabe-nos o compromisso de promover modificações constantes e permanentes no modo de pensar, de agir e de ser. É importante refletirmos sobre nós mesmos a fim de descobrir quais os recursos e a capacidade de que dispomos, e se de fato há vontade, propósito e determinação suficientes para tais reformas”.
É um norte para orientação geral.

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