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Heitor Freire

Do Corretor de Imóveis

O corretor de imóveis é um profissional que evoluiu de uma forma embrionária, inicialmente disforme, porque inicialmente não havia nenhuma exigência para o exercício da profissão: bastava saber vender. O que também não era requisito, pois, quando um bancário, por exemplo, perdia o emprego, procurava uma atividade de venda, enquanto não surgisse outra oportunidade, o que acabou gerando o epíteto de marreteiro, picareta, para os corretores de imóveis de antanho. Os próprios colegas, no começo, não tinham também uma noção da grandeza do seu trabalho.
Com a evolução dos negócios, o exercício da profissão passou a exigir um conhecimento específico. Tanto que hoje o corretor de imóveis deve necessariamente, ter noção de direito, de economia, de arquitetura, de engenharia, de agrimensura, de psicologia, enfim, de um conjunto de informações que lhe possibilitem uma prática rentável na profissão.
Nós, corretores de imóveis, trabalhamos no terceiro bem mais importante do mundo: o primeiro é a vida, o segundo a saúde, e o terceiro é o patrimônio, onde nós exercemos o nosso múnus profissional.
Hoje, já há uma legislação específica que norteia o exercício da profissão. Houve inicialmente uma lei que reconheceu a nossa profissão: Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962, que foi promulgada pelo senador Auro  Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional. Depois esta lei foi considerada inconstitucional.
A luta continuou. Finalmente em 12 de maio de 1978, a Lei n º 6.530, sancionada pelo presidente Ernesto Geisel, veio a consagrar a profissão de corretor de imóveis legalmente.
Mas faltava mais: um status que consagrasse o corretor de imóveis como profissional liberal, que para isso necessitaria de uma formação curricular mínima para ser assim considerado.
Mato Grosso do Sul é um estado que se destaca no cenário nacional do mercado imobiliário pela capacidade dos dirigentes das entidades representativas dos corretores de imóveis: foi aqui que nasceu a tese que foi apresentada no XIII Congresso dos Corretores de Imóveis do Brasil, realizado em Porto Alegre, no ano de 1988, elaborada por Levi Faustino Ratier e apresentada pelo corretor de imóveis, Jorge Musa Tuma,  que obteve aprovação por unanimidade. Estava dado o grande passo.
A luta continuou no âmbito interno da classe, porque os sindicatos das grandes cidades não queriam perder os cargos que detinham nas federações de comércio de seus estados.
Finalmente, com a aquiescência do sindicato do Estado de São Paulo, o maior do país, conseguiu-se a criação da  Federação Nacional de Corretores de Imóveis (Fenaci).
Hoje para ser inscrito no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), o interessado tem que ter um diploma de Técnico em Transações Imobiliárias, único documento que o habilita para o exercício da profissão. O que veio, naturalmente, a contribuir para o aprimoramento de todos.
Os corretores de imóveis do nosso estado têm uma característica única: sabem ser gratos. Em outubro de 1983, realizamos aqui em Campo Grande o XII Congresso dos Corretores de Imóveis do Brasil. Para esta realização, foi necessária a união de alguns colegas, que, sentindo a enorme dificuldade que se apresentava, não mediram esforços. Destaco os colegas que se uniram a mim, presidente do Sindicato à época, e realizaram um trabalho de gigantes: Levi Faustino Ratier, Claudemir das Neves, Carlos Roberto Charles Figueiredo Gonçalves, Onofre Rodrigues Santana e Farid Sandre de Melo.
Nesse congresso, o ponto alto foi a homenagem que prestamos ao ex-presidente Ernesto Geisel, que sancionou a Lei nº 6.530. Ele disse na ocasião que, em seu governo, promoveu o reconhecimento de mais de 30 profissões, e, até aquela data, nenhuma dessas profissões o havia reconhecido como seu benfeitor.
Hoje, temos um legado que aí está cumprindo o seu papel histórico. O atual presidente do Creci é o Eduardo Francisco Castro, do Sindicato, James Antônio Gomes, da Câmara de Valores Imobiliários, Misael Hélio Lacerda Lemos e do Secovi, Marcos Augusto Netto.
Hoje, em nosso estado, temos 2.870 corretores de imóveis exercendo a profissão. Em Campo Grande, 1.686, o que dá uma idéia do nível de grandeza do nosso trabalho.
O corretor de imóveis consciente é um profissional que se destaca pela seriedade, honestidade, determinação, confiabilidade, zelo profissional, confidencialidade e que tem noção de que o seu patrimônio é o cliente. A pujança do nosso mercado, tudo lhe deve.
Não podemos deixar de registrar um fato importante no panorama do mercado imobiliário: a participação crescente da mulher, que, com sua inteligência, graça, delicadeza, leveza e beleza, está tornando o nosso mundo profissional mais agradável.
O vereador Paulo Pedra – que também é corretor de imóveis – apresentou na Câmara Municipal um projeto de lei propondo a criação do dia do corretor de imóveis em 27 de agosto – que já é a data nacional da categoria –, aprovado por unanimidade por aquela Casa de Leis. No dia 24 de agosto último foi realizada a primeira sessão de homenagens alusivas à data.
Todos nós corretores de imóveis estamos de parabéns, por mais essa conquista.

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