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Heitor Freire

O Eterno Enigma

O ser humano, desde os primórdios da civilização, se viu constantemente confrontado com situações que exigiam de si a busca de um caminho para o autoconhecimento e a evolução. Os desafios não foram e continuam não sendo poucos. Mas o grande enigma, para mim, continua sendo o mistério da mulher. Assim me pronunciei em artigo publicado com o título: “Da Mulher”:
“Ser divino, misterioso, magnífico, fantástico, inexprimível, enigmático”.
“Um dos erros crassos que os homens cometem é o de querer entender a mulher; ela não foi feita para ser entendida, mas amada, admirada, conquistada”.
“A essência da mulher é a feminilidade e este é o elemento mais necessário para si mesma, tanto quanto para conquistar o homem. E, à medida que ela exalta e irradia a sua feminilidade, silenciosamente, naturalmente, ocupa o lugar que é só seu, que não pode ser objeto de troca nem de disputa, nem de concorrência, usando sempre a inteligência, cujo uso constante é o seu próprio fator de continuidade”. Eu, que convivo com minha mulher há quase cinquenta anos – e com ela tive sete filhas mulheres –, frequentemente sou surpreendido, agradavelmente, com nuances de comportamento e de ideias que não havia percebido até então. Como dizem os franceses – os que mais entendem de mulher neste planeta – “souvent les femmes variant” (As mulheres frequentemente variam), o que acaba sendo um de seus atrativos. E elas mudam, às vezes, de forma radical, o que nos surpreende e até assusta. A mulher é o único ser que consegue fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Eu não dou conta.
Freud, ao tratar da feminilidade, assim se manifestou: “Se desejarem saber mais a respeito da feminilidade (…) aguardem até que a ciência possa dar-lhes informações mais profundas e mais coerentes”. Ou seja, nunca.  Já Arnaldo Jabor diz: “A mulher deseja o impossível; desejar o impossível é a sua grande beleza”. Tudo isso vem em defesa da minha tese, a mulher realmente é misteriosa, majestosa.
Aprendi também que o bom mesmo é ter uma só mulher. Fico aqui matutando como é que o Rei Salomão fazia: tinha 700 esposas e 300 concubinas (1 Rs, 11,3) (ou seja, um só Salomão para 1.000 mulheres) dentro de um regime comandado por fiéis e dedicados eunucos que administravam todo o seu harém.
A mulher é um tema recorrente nos meus artigos. Não posso deixar de considerar a complexa composição do ser feminino que, criado para a perpetuação da espécie, tem características próprias, intrínsecas, com suas idiossincrasias atávicas. Coelho Neto, escreveu: “A mulher deve ser lentamente decifrada, como o enigma que é, encanto a encanto”. Voltaire, assim se manifestou: “É mais claro que o sol que Deus criou a mulher para domar o homem”. Se assim foi, conseguiu o seu objetivo.
Outro ponto que me chama a atenção é a questão da morte. Mulher não morre. Ou em outras palavras, morre bem depois do homem. Eu só conheci até hoje, quatro viúvos: meu tio Manolo Cândia, meu padrinho Luiz Anzoategui, e meus amigos Wilson Barbosa Martins e João Pereira da Rosa (O dr. João depois de um período viúvo casou-se de novo). A propósito, em seu livro Da casa de Taipa à Universidade – Memórias de um Médico, recentemente lançado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, o dr. João narra que, dos seus 34 colegas do Colégio Dom Bosco, em 1944, 24  já partiram para sempre. No mesmo período, 1944, das 33 licenciandas daquele ano, do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, apenas cinco faleceram. Ao lhes perguntar: “Vocês não morrem?” Elas responderam: “Estamos viúvas”. Interessante.
Por tratarmos da mulher e por falar no livro do dr. João Pereira da Rosa, um compêndio de história narrada com muita simplicidade e humildade (como é do seu feitio), destaco um ponto que considero importante: dos 29 formandos da 1ª turma de médicos formados pela UEMT, dez eram mulheres, são elas: Isa Mazu Yoshikawa de Souza, Zélia Cardoso, Lenice Garcia Brandão, Ana Maria Abdo Wanderley, Jeanne Elizabeth de Barros Wanderley, Lidia Satsigo Aracaqui, Gildney Maria Alves, Catarina Maria Mesquita Garcia Dalbem, Noriko Shimabukuro e Rita Aracaqui. Fica aqui a nossa homenagem a essas mulheres que souberam conquistar um espaço importante com seus esforços.
Conviver com as mulheres é sempre um exercício estimulante e motivador. Elas sempre são surpreendentes. Vale a pena estar atento às nuances que caracterizam o comportamento feminino.
Viva a mulher.

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