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Heitor Freire

A Chama de um Ideal

No último dia 12, a Associação Beneficente de Campo Grande, proprietária e instituidora da Santa Casa de Campo Grande, elegeu a diretoria que regerá os seus destinos no biênio 2012/2013.
Apesar de todos os percalços, dificuldades interpostas em seu caminho e de todos os insucessos judiciais momentâneos, a Associação resiste impávida, corajosa, serena, lastreada no sonho que sempre norteou os seus caminhos, desde a sua criação.

Um ideal iluminou os corações e as mentes de Eduardo Santos Pereira, Bernardo Franco Baís, Augusto Silva, Otaviano de Mello, Benjamin Corrêa da Costa, Enoch Vieira de Almeida, dr. Eusébio Teixeira (médico militar, primeiro presidente), e o engenheiro Camillo Boni (autor do projeto  inicial com quarenta leitos), que encabeçaram uma lista com os seguintes dizeres: “Lista destinada à inscripção das pessoas que contribuem, dando uma esmola, para a creação da Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande, refúgio, em breve tempo, dos doentes pobres e desvalidos”. Cento setenta e oito cidadãos se cotizaram com valores variando de 5$000 (cinco mil réis) a 500$000 (quinhentos mil-réis), totalizando 27.080$000 (vinte e sete contos e oitenta mil réis). (in Rica História de Amor ao Próximo- dr. Arthur D’Àvila Filho).
A esses cidadãos altruístas e pioneiros juntaram-se Rogério Casal Caminha, dr. Arlindo de Andrade Gomes (primeiro juiz de Campo Grande) e tantos outros, ao longo dos anos. Se fossemos nomeá-los, utilizaríamos talvez uma edição de jornal. Hoje somos 135 associados.
A chama do ideal que iluminou essas pessoas não morreu. Nem morrerá jamais, pois que os atuais associados da Associação Beneficente de Campo Grande não permitirão que isso aconteça, principalmente como tributo e respeito a quem se dedicou com tanta garra e tanto entusiasmo para servir à causa da população, repetindo: “refúgio, em breve tempo, dos doentes pobres e desvalidos”.
A diretoria recém eleita tem a seguinte constituição: presidente – Wilson Levi Teslenco; vice-presidente Abdalla Jallad; primeiro secretário – Esacheu Cipriano do Nascimento; segundo secretário – Jesus Alfredo Ruiz Sülzer; primeiro tesoureiro – Carlos Henrique Santos Pereira; segundo tesoureiro – Luis Landes da Silva Pereira. Foram eleitos também sete vogais (eu faço parte do conselho de vogais) e os membros titulares e suplentes do conselho fiscal.
Entre os presentes à assembléia geral de eleição, pessoas das mais representativas da nossa sociedade, como, por exemplo, Ruben Figueiró de Oliveira, Juvêncio Cesar da Fonseca, Valter Pereira, Laucídio Coelho Neto, Henrique Martins Neto, José Augusto Lopes Sobrinho, Jairo Faracco, Izaías Gomes Ferro, Ricardo Augusto Bacha, Valter Ribeiro, Leonardo Nunes da Cunha, Mário Eugênio Perón. Peço vênia aos demais participantes por não haver espaço para citar a todos.
O certo é que as instalações da nossa Associação foram pequenas para abrigar tantas pessoas que foram dar o seu apoio à nossa Santa Casa neste momento difícil. Pela grande e significativa presença bem demonstra que o espírito que sempre norteou a nossa instituição está mais vivo do que nunca.
Aristóteles foi dos primeiros a observar que nos tornamos as pessoas que somos devido às nossas próprias decisões. E coerentes com essa atitude é que os nossos associados tem o estímulo intrínseco de continuar na luta, até a vitória final com a retomada do hospital. A nossa diretoria tem constantemente assinalado o seu propósito de estabelecer um projeto de união com o poder público, com os enfermeiros, médicos e demais instituições empresariais e classistas, para constituir uma ação conjunta que tenha como único objetivo o de servir condignamente à nossa população.  
A natureza contagiante de uma atitude corajosa por parte de alguém pode inspirar um grupo inteiro. É o que tem acontecido com os associados da nossa Associação que, desde o começo da invasão que sofreu a nossa Santa Casa, se sentiram unidos e assim permanecem. A exemplo de Sócrates que declarou com absoluta seriedade em seu julgamento: “Enquanto eu respirar não pararei de praticar a filosofia…” nós também, enquanto respirarmos, continuaremos a praticar a nossa filosofia: “Bem servir à nossa população”.  
A fé que une os nossos associados acrescenta uma dimensão significativa ao nosso trabalho. A fé é uma fonte de disciplina, força e poder; a fé em nossos ideais, compartilhada, nos dá a energia necessária para a continuação da nossa luta e contribui para a forma e conteúdo que guiam as nossas aspirações.     
Assim, mais uma vez firmes e coesos, aguardamos a iniciativa de nossas autoridades para nos devolver o que nos pertence por justiça e herança deixada pelos fundadores da nossa Associação e cujo legado sempre honramos com trabalho, dedicação, competência e perseverança.

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