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Heitor Freire

O impacto da arte

O IMPACTO DA ARTE
Campo Grande foi agraciada neste fim de semana com um espetáculo de dança-teatro que, certamente, é digno de ser apresentado nas maiores cidades do mundo.
Foi encenado “Cão sem plumas” pela Companhia Deborah Colker, coreógrafa das mais consagradas em nosso país. Ela foi uma das responsáveis pela coreografia de abertura das Olimpíadas do Rio em 2016, além de ter ganhado vários prêmios internacionais. Na semana passada, Deborah ganhou em Moscou o título de melhor coreógrafa do mundo pelo prêmio Benois De La Danse. Em 2011, ela dirigiu um espetáculo na prestigiosa companhia canadense Cirque du Soleil, onde comandou uma equipe de mais de 50 artistas de dez nacionalidades diferentes, e mostrou ao mundo um espetáculo que misturava samba, forró, baião, funk e carimbó.
Indicada para fazer a produção local do evento, a Marruá Arte e Cultura envolveu diretamente seus diretores e sócios, Belchior Cabral e Andréa Freire, minha filha, que arregaçaram as mangas e empolgaram a cidade, que se fez presente nas duas apresentações com um excelente público que aplaudiu intensamente, fazendo o Teatro Glauce Rocha, palco de tantas representações teatrais memoráveis, reviver seus grandes momentos.
A Companhia de Dança Deborah Colker tem o patrocínio da Petrobras desde 1995, o que representa, sem dúvida, um selo de qualidade e de garantia de um bom espetáculo.
Uma das maiores coreógrafas brasileiras, Deborah Colker é reconhecida com homenagens como o Prêmio Laurence Olivier, uma espécie de Oscar das artes cênicas.  Deborah é parte fundamental da história da dança contemporânea nacional e internacional.
Em turnê por várias cidades brasileiras com patrocínio da Petrobras, a capital sul-mato-grossense foi contemplada com um espetáculo de qualidade técnica como há muito tempo não se via por aqui. No palco, o tema é muito pertinente para a cidade: fala de problemas sociais, econômicos, políticos e sobre os recursos naturais.
O espetáculo baseia-se no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto publicado em 1950 sobre a pobreza e a seca na região do rio Capibaribe. À época, o escritor fez um alerta sobre o descaso com o rio que corta boa parte do estado de Pernambuco, como “um cão sem plumas”, “nada sabia da chuva azul”.
João Cabral de Melo Neto, pernambucano, foi escritor, poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Como em toda a obra de João Cabral, em “O cão sem plumas” a poética prima pelo uso de palavras concretas.
Ao som que mistura coco, maracatu e outros ritmos do agreste pernambucano, os bailarinos mostram a pobreza da população ribeirinha e a vida no mangue. Em movimentos, eles se transmutaram em caranguejos. A apresentação também assume um papel social de conscientização sobre o uso dos recursos naturais. Deborah costuma dizer que criou um espetáculo sobre o “inconcebível, o inadmissível”, sobre o que não deveria existir, não deveria ser permitido.
Para entender os detalhes, é preciso saber que na narrativa a dança-teatro se mistura com o cinema. Enquanto o filme – produzido pela coreógrafa e dirigido pelo cineasta pernambucano Claudio Assis – é projetado no palco, os bailarinos parecem se fundir às imagens.
Enfim, “Cão sem plumas” é um espetáculo que vai ficar na memória de quem o assistiu.
Parabéns, Campo Grande, que há muito tempo não se rendia ao impacto da arte.
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

Campo Grande foi agraciada neste fim de semana com um espetáculo de dança-teatro que, certamente, é digno de ser apresentado nas maiores cidades do mundo.

Foi encenado “Cão sem plumas” pela Companhia Deborah Colker, coreógrafa das mais consagradas em nosso país. Ela foi uma das responsáveis pela coreografia de abertura das Olimpíadas do Rio em 2016, além de ter ganhado vários prêmios internacionais. Na semana passada, Deborah ganhou em Moscou o título de melhor coreógrafa do mundo pelo prêmio Benois De La Danse. Em 2011, ela dirigiu um espetáculo na prestigiosa companhia canadense Cirque du Soleil, onde comandou uma equipe de mais de 50 artistas de dez nacionalidades diferentes, e mostrou ao mundo um espetáculo que misturava samba, forró, baião, funk e carimbó.

Indicada para fazer a produção local do evento, a Marruá Arte e Cultura envolveu diretamente seus diretores e sócios, Belchior Cabral e Andréa Freire, minha filha, que arregaçaram as mangas e empolgaram a cidade, que se fez presente nas duas apresentações com um excelente público que aplaudiu intensamente, fazendo o Teatro Glauce Rocha, palco de tantas representações teatrais memoráveis, reviver seus grandes momentos. 

A Companhia de Dança Deborah Colker tem o patrocínio da Petrobras desde 1995, o que representa, sem dúvida, um selo de qualidade e de garantia de um bom espetáculo.

Uma das maiores coreógrafas brasileiras, Deborah Colker é reconhecida com homenagens como o Prêmio Laurence Olivier, uma espécie de Oscar das artes cênicas.  Deborah é parte fundamental da história da dança contemporânea nacional e internacional. 

Em turnê por várias cidades brasileiras com patrocínio da Petrobras, a capital sul-mato-grossense foi contemplada com um espetáculo de qualidade técnica como há muito tempo não se via por aqui. No palco, o tema é muito pertinente para a cidade: fala de problemas sociais, econômicos, políticos e sobre os recursos naturais.

O espetáculo baseia-se no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto publicado em 1950 sobre a pobreza e a seca na região do rio Capibaribe. À época, o escritor fez um alerta sobre o descaso com o rio que corta boa parte do estado de Pernambuco, como “um cão sem plumas”, “nada sabia da chuva azul”.

João Cabral de Melo Neto, pernambucano, foi escritor, poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Como em toda a obra de João Cabral, em “O cão sem plumas” a poética prima pelo uso de palavras concretas. 

Ao som que mistura coco, maracatu e outros ritmos do agreste pernambucano, os bailarinos mostram a pobreza da população ribeirinha e a vida no mangue. Em movimentos, eles se transmutaram em caranguejos. A apresentação também assume um papel social de conscientização sobre o uso dos recursos naturais. Deborah costuma dizer que criou um espetáculo sobre o “inconcebível, o inadmissível”, sobre o que não deveria existir, não deveria ser permitido.

Para entender os detalhes, é preciso saber que na narrativa a dança-teatro se mistura com o cinema. Enquanto o filme – produzido pela coreógrafa e dirigido pelo cineasta pernambucano Claudio Assis – é projetado no palco, os bailarinos parecem se fundir às imagens.

Enfim, “Cão sem plumas” é um espetáculo que vai ficar na memória de quem o assistiu.

Parabéns, Campo Grande, que há muito tempo não se rendia ao impacto da arte.

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