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Heitor Freire

Antonio Baiano – um gigante

ANTÔNIO BAIANO – UM GIGANTE
Roseli Marla, minha cunhada querida,
neste momento de profunda tristeza que todos estamos vivendo com a morte prematura do nosso querido Antônio Baiano, e na intenção de registrar para a história parte do que  foi a vida dele, dirijo-lhe esta carta pública para procurar expressar toda a minha admiração por esse cidadão tão dedicado à causa da educação e cuja trajetória eu tive a honra de acompanhar e testemunhar de perto.
Desde que eu conheci o Baiano, já na Maçonaria, tivemos uma identificação de propósitos e de trabalho que nos uniu para sempre em diversas atividades empresariais e públicas, principalmente no campo da educação.
Durante meu primeiro mandato como Grão Mestre da Maçonaria em 1991, tive a intenção de construir mais uma escola para a Funlec, o braço educacional da nossa Grande Loja.
Mas como fazer? Não dispúnhamos de recursos financeiros. Não tínhamos nem terreno. Mas eu já sabia que Deus tudo provê. Comecei a conversar aqui e ali, até que cheguei no Baiano, que de imediato, com seu entusiasmo contagiante e realizador, abraçou a causa.
O engenheiro e também maçom Chaia Jacob Neto, que dirigia o setor de planejamento urbano da prefeitura, soube da nossa intenção e descobriu uma área imensa no bairro Chácara Cachoeirinha, local nobre da cidade, e começou a articular para que a área fosse concedida pelo município para a Funlec.
Com a ajuda do presidente da Câmara Municipal, Flávio Renato, amigo de sempre do Baiano, conseguimos obter do prefeito Lúdio Coelho a concessão da área.
Mas e o dinheiro para tocar a obra? A Maçonaria é uma instituição cuja maior riqueza são seus obreiros. Constituímos um grupo de trabalho sob a coordenação do Baiano e a colaboração dos Irmãos Waldecy Alves Batista, Arildo Brás Flores e Chaia Jacob Neto. O projeto da construção foi feito pela arquiteta Jacyara Chaia, mulher do Chaia.
O Baiano sempre teve inspiração divina em todos seus empreendimentos. De imediato teve a ideia de começarmos a vender vagas na futura escola. Iniciamos com o preço estipulado em 100 dólares – a inflação galopante da época, 1993, não permitia utilizar outro parâmetro –, e o sucesso foi estrondoso. As últimas vagas foram vendidas a 700 dólares. As três primeiras vagas foram compradas pelo Baiano para seus filhos, Marco Antônio, Filipe e Gustavo.
O Arildo e o Waldecy ficaram no comando da venda das vagas e o Baiano assumiu a construção do colégio.
Em menos de um ano, a obra ficou pronta, com mais de 6 mil metros quadrados de área construída. E a um custo baixíssimo, em torno de 500 reais o metro quadrado. Cada um dos quatro blocos recebeu o nome dos membros do grupo de trabalho. No dia 19 de fevereiro de 1994, o colégio Oswaldo Tognini – homenagem a um dos Grãos Mestres da Grande Loja – foi inaugurado em grande estilo com a presença do prefeito Lúdio Coelho, que ficou admirado com o porte da construção e a rapidez da empreitada.
Nesse mesmo ano, 1994, o Baiano foi eleito presidente da Funlec. Revolucionou a instituição: remodelou e ampliou o colégio Maria Lago Barcellos, o colégio Raul Sans de Matos, e a escola Honorato Jacques, em Bonito. Criou o Colégio Hermezindo Alonso Gonzales. em Três Lagoas, nos mesmos moldes do Oswaldo Tognini. Construiu o colégio Nagem Jorge Saad no bairro São Jorge da Lagoa em Campo Grande, que negociou com o prefeito André Puccinelli, recebendo em troca o restante da área do Osvaldo Tognini, que ficou com mais 40 mil metros quadrados de terreno.
Além disso, comprou uma área de 12 hectares, no Jardim Veraneio, ao lado do Parque dos Poderes, e com seu espírito também voltado para a prática de esportes, construiu um magnífico complexo poliesportivo dotando a Funlec de um espaço para múltiplas atividades, o Cedesc.
Comprou também parte da Fazenda Rancharia para abrigar a futura Universidade Maçônica, projeto que não conseguiu implantar porque o seu segundo mandato terminou antes. Deixou um patrimônio imenso para a Funlec. Por tudo isso, todos nós devemos gratidão eterna ao Baiano, por seu espírito visionário.
Você, Roseli Marla, foi a musa inspiradora do Baiano e soube sempre motivá-lo para suas grandes realizações.
No campo da construção civil, Baiano deixou seu nome em tudo que empreendeu como a construção do Hotel Exceller e o edifício Solar das Acácias, com 25 andares – na época o maior edifício de Campo Grande. Com muita ousadia e visão de futuro, lançou o empreendimento Terras do Golfe que inovou o mercado imobiliário de Campo Grande no que tange a condomínios residenciais associado com um clube de golfe, que foi mais um sucesso. Além disso, lançou também importantes loteamentos em Bonito.
Baiano deixou um legado imensurável. Mas, Roseli, a construção de que mais o meu Irmão se orgulhava era aquela que vocês construíram juntos, a sua família.
Quando seus filhos se casaram e nasceram os netos, ele foi ao céu. Passou a viver para os netos que enriqueceram a vida dele.
E agora, aos 65 anos, em pleno vigor e saúde, meu grande Irmão veio a morrer em um acidente de carro quando voltava da Bahia, trazendo um bugue de presente para os netos.  O carro derrapou numa curva e caiu numa ribanceira. Pois o Baiano deu mais uma prova da sua capacidade de ação em qualquer circunstância. Conseguiu subir a ribanceira e ligou para você, Roseli, informando o que aconteceu, e antes de desmaiar passou-lhe as coordenadas de onde se encontrava, o que permitiu a sua localização. Se não tivesse tomado essa atitude num momento de extrema gravidade, talvez não tivesse sido encontrado com tanta rapidez.
O último ato do Baiano, Roseli, foi falar com você.
Há alguns dias, na presença de inúmeros amigos, assistimos, entristecidos, ao sepultamento do corpo do nosso querido Baiano. Mas, Roseli, homens como o Baiano – um verdadeiro varão de Plutarco – não morrem, porque deixam um legado na mente e no coração dos que o conheceram e o perpetuam para sempre.
Ele nos antecedeu na grande viagem. Mas, quando chegar a nossa vez, tenho plena convicção de que ele estará nos esperando de braços abertos e com aquele sorriso inesquecível que trazia sempre.
Vá em paz, Antônio Baiano, nosso inesquecível Irmão e imenso exemplo de vida para todos nós.
Até um dia, meu Irmão.
Roseli querida, essa é a homenagem que queremos prestar ao nosso Baiano.
Heitor Rodrigues Freire – Grão Mestre Ad Vitam – Grande Loja Maçônica – MS.

Roseli Marla, minha cunhada querida,

neste momento de profunda tristeza que todos estamos vivendo com a morte prematura do nosso querido Antônio Baiano, e na intenção de registrar para a história parte do que  foi a vida dele, dirijo-lhe esta carta pública para procurar expressar toda a minha admiração por esse cidadão tão dedicado à causa da educação e cuja trajetória eu tive a honra de acompanhar e testemunhar de perto.

Desde que eu conheci o Baiano, já na Maçonaria, tivemos uma identificação de propósitos e de trabalho que nos uniu para sempre em diversas atividades empresariais e públicas, principalmente no campo da educação.

Durante meu primeiro mandato como Grão Mestre da Maçonaria em 1991, tive a intenção de construir mais uma escola para a Funlec, o braço educacional da nossa Grande Loja.Mas como fazer? Não dispúnhamos de recursos financeiros. Não tínhamos nem terreno. Mas eu já sabia que Deus tudo provê. Comecei a conversar aqui e ali, até que cheguei no Baiano, que de imediato, com seu entusiasmo contagiante e realizador, abraçou a causa.

O engenheiro e também maçom Chaia Jacob Neto, que dirigia o setor de planejamento urbano da prefeitura, soube da nossa intenção e descobriu uma área imensa no bairro Chácara Cachoeirinha, local nobre da cidade, e começou a articular para que a área fosse concedida pelo município para a Funlec.

Com a ajuda do presidente da Câmara Municipal, Flávio Renato, amigo de sempre do Baiano, conseguimos obter do prefeito Lúdio Coelho a concessão da área.

Mas e o dinheiro para tocar a obra? A Maçonaria é uma instituição cuja maior riqueza são seus obreiros. Constituímos um grupo de trabalho sob a coordenação do Baiano e a colaboração dos Irmãos Waldecy Alves Batista, Arildo Brás Flores e Chaia Jacob Neto. O projeto da construção foi feito pela arquiteta Jacyara Chaia, mulher do Chaia.

O Baiano sempre teve inspiração divina em todos seus empreendimentos. De imediato teve a ideia de começarmos a vender vagas na futura escola. Iniciamos com o preço estipulado em 100 dólares – a inflação galopante da época, 1993, não permitia utilizar outro parâmetro –, e o sucesso foi estrondoso. As últimas vagas foram vendidas a 700 dólares. As três primeiras vagas foram compradas pelo Baiano para seus filhos, Marco Antônio, Filipe e Gustavo. 

O Arildo e o Waldecy ficaram no comando da venda das vagas e o Baiano assumiu a construção do colégio.

Em menos de um ano, a obra ficou pronta, com mais de 6 mil metros quadrados de área construída. E a um custo baixíssimo, em torno de 500 reais o metro quadrado. Cada um dos quatro blocos recebeu o nome dos membros do grupo de trabalho. No dia 19 de fevereiro de 1994, o colégio Oswaldo Tognini – homenagem a um dos Grãos Mestres da Grande Loja – foi inaugurado em grande estilo com a presença do prefeito Lúdio Coelho, que ficou admirado com o porte da construção e a rapidez da empreitada.

Nesse mesmo ano, 1994, o Baiano foi eleito presidente da Funlec. Revolucionou a instituição: remodelou e ampliou o colégio Maria Lago Barcellos, o colégio Raul Sans de Matos, e a escola Honorato Jacques, em Bonito. Criou o Colégio Hermezindo Alonso Gonzales. em Três Lagoas, nos mesmos moldes do Oswaldo Tognini. Construiu o colégio Nagem Jorge Saad no bairro São Jorge da Lagoa em Campo Grande, que negociou com o prefeito André Puccinelli, recebendo em troca o restante da área do Osvaldo Tognini, que ficou com mais 40 mil metros quadrados de terreno.

Além disso, comprou uma área de 12 hectares, no Jardim Veraneio, ao lado do Parque dos Poderes, e com seu espírito também voltado para a prática de esportes, construiu um magnífico complexo poliesportivo dotando a Funlec de um espaço para múltiplas atividades, o Cedesc.

Comprou também parte da Fazenda Rancharia para abrigar a futura Universidade Maçônica, projeto que não conseguiu implantar porque o seu segundo mandato terminou antes. Deixou um patrimônio imenso para a Funlec. Por tudo isso, todos nós devemos gratidão eterna ao Baiano, por seu espírito visionário.

Você, Roseli Marla, foi a musa inspiradora do Baiano e soube sempre motivá-lo para suas grandes realizações.

No campo da construção civil, Baiano deixou seu nome em tudo que empreendeu como a construção do Hotel Exceller e o edifício Solar das Acácias, com 25 andares – na época o maior edifício de Campo Grande. Com muita ousadia e visão de futuro, lançou o empreendimento Terras do Golfe que inovou o mercado imobiliário de Campo Grande no que tange a condomínios residenciais associado com um clube de golfe, que foi mais um sucesso. Além disso, lançou também importantes loteamentos em Bonito.

Baiano deixou um legado imensurável.

Mas, Roseli, a construção de que mais o meu Irmão se orgulhava era aquela que vocês construíram juntos, a sua família. 

Quando seus filhos se casaram e nasceram os netos, ele foi ao céu. Passou a viver para os netos que enriqueceram a vida dele.

E agora, aos 65 anos, em pleno vigor e saúde, meu grande Irmão veio a morrer em um acidente de carro quando voltava da Bahia, trazendo um bugue de presente para os netos.  O carro derrapou numa curva e caiu numa ribanceira. Pois o Baiano deu mais uma prova da sua capacidade de ação em qualquer circunstância. Conseguiu subir a ribanceira e ligou para você, Roseli, informando o que aconteceu, e antes de desmaiar passou-lhe as coordenadas de onde se encontrava, o que permitiu a sua localização. Se não tivesse tomado essa atitude num momento de extrema gravidade, talvez não tivesse sido encontrado com tanta rapidez.

O último ato do Baiano, Roseli, foi falar com você.

Há alguns dias, na presença de inúmeros amigos, assistimos, entristecidos, ao sepultamento do corpo do nosso querido Baiano. Mas, Roseli, homens como o Baiano – um verdadeiro varão de Plutarco – não morrem, porque deixam um legado na mente e no coração dos que o conheceram e o perpetuam para sempre.

Ele nos antecedeu na grande viagem. Mas, quando chegar a nossa vez, tenho plena convicção de que ele estará nos esperando de braços abertos e com aquele sorriso inesquecível que trazia sempre.

Vá em paz, Antônio Baiano, nosso inesquecível Irmão e imenso exemplo de vida para todos nós.

Até um dia, meu Irmão.

Roseli querida, essa é a homenagem que queremos prestar ao nosso Baiano.  

Heitor Rodrigues Freire – Grão Mestre Ad Vitam – Grande Loja Maçônica – MS.

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