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Heitor Freire

Não me venhas…

NÃO ME VENHAS…
Pesquisando na internet sobre a expressão “Não me venha de borzeguins ao leito”!, encontrei algumas citações que transcrevo aqui:
“Borzeguim é um sapato de cano médio, com cadarços trançados, também conhecido como sapato de soldado, usado desde o tempo dos assírios até a Idade Média como precursor das botas e calçados afins. Hoje, é peça do uniforme de bombeiros, policiais militares e profissionais que necessitem de um calçado resistente, pesado e até grosseiro. Essa palavra foi usada por Machado de Assis na expressão “Não me venha de borzeguins ao leito!”
Também Carlos Drummond de Andrade, na crônica “O homem vestido”, se refere ao mesmo calçado:
“Minha senhora, não me venha de borzeguins ao leito! Então quer fazer de mim gato-sapato? Pensa que vou acompanhá-la, com botas de sete léguas, até onde o diabo perdeu as botas? Isso que você me promete é sapato de defunto. Mas duvido, sabe? duvido que me bote no chinelo. Aliás, devo preveni-la de que hoje amanheci de chinelo trocado.
(…)”
Pegando carona nos ilustres escritores da nossa língua, tomo a liberdade de adaptá-lo a este texto, mas com uma conotação um pouco diferente dentro do meu entendimento e intenção:
“Não me venha de borzeguins ao eito” (sucessão de coisas dispostas na mesma direção ou na mesma fila),: ou seja, não me apareça de borzeguins no meu caminho, com atitudes inconvenientes, que eu não te recebo. Assim, para que qualquer pessoa seja aceita no meu eito, se vier de maus modos, como alguns se comportam, não serão aceitos.
Sabendo que a identidade social de cada pessoa consta de várias categorias de classificação, enquadradas quase automaticamente, como nacionalidade, profissão, gênero etc – brasileiro, professor, homem, carioca, flamenguista, conservador –, e por aí vai e , cada um age de acordo com sua identidade ou interesse dominante, estabeleci essa premissa básica, ou seja, como eu ajo com respeito, espero o mesmo do meu eventual interlocutor.
Dentro da variedade de identidades que obedecem a sua estrutura social e que é, naturalmente, processada e atualizada em função do papel de cada um na sociedade, no seu grupo social, profissional, religioso, as atitudes vão mudando no tempo e no espaço. Assim, como jovens, temos a nossa turma com as influências próprias e (in)consequentes.
Quando estamos na faculdade, essa identidade vai sofrendo alterações em função do meio. Quando já formados, o grupo profissional exerce também uma influência modificadora do comportamento das pessoas.
Na maturidade, já é outro o olhar. O que deve ser combatido, no entanto, em todas as essas fases, é a falsidade. Por isso é que digo: não me venhas de borzeguins ao eito que não te recebo.
O comportamento humano é cheio de falsidade em variados níveis e grupos sociais. A maledicência, a inveja e o ciúme prevalecem, infelizmente. Mas isso um dia vai terminar, quando as pessoas entenderem que não vale a pena difamar seu semelhante e que o mandamento que Jesus nos concedeu não é mera figura de retórica. O que é desejável para um relacionamento amistoso e verdadeiro.
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

Pesquisando na internet sobre a expressão “Não me venha de borzeguins ao leito”!, encontrei algumas citações que transcrevo aqui:

“Borzeguim é um sapato de cano médio, com cadarços trançados, também conhecido como sapato de soldado, usado desde o tempo dos assírios até a Idade Média como precursor das botas e calçados afins. Hoje, é peça do uniforme de bombeiros, policiais militares e profissionais que necessitem de um calçado resistente, pesado e até grosseiro. Essa palavra foi usada por Machado de Assis na expressão “Não me venha de borzeguins ao leito!”

Também Carlos Drummond de Andrade, na crônica “O homem vestido”, se refere ao mesmo calçado:“Minha senhora, não me venha de borzeguins ao leito! Então quer fazer de mim gato-sapato? Pensa que vou acompanhá-la, com botas de sete léguas, até onde o diabo perdeu as botas? Isso que você me promete é sapato de defunto. Mas duvido, sabe? duvido que me bote no chinelo. Aliás, devo preveni-la de que hoje amanheci de chinelo trocado.(…)

”Pegando carona nos ilustres escritores da nossa língua, tomo a liberdade de adaptá-lo a este texto, mas com uma conotação um pouco diferente dentro do meu entendimento e intenção:“Não me venha de borzeguins ao eito” (sucessão de coisas dispostas na mesma direção ou na mesma fila), ou seja, não me apareça de borzeguins no meu caminho, com atitudes inconvenientes, que eu não te recebo. Assim, para que qualquer pessoa seja aceita no meu eito, se vier de maus modos, como alguns se comportam, não serão aceitos.

Sabendo que a identidade social de cada pessoa consta de várias categorias de classificação, enquadradas quase automaticamente, como nacionalidade, profissão, gênero etc – brasileiro, professor, homem, carioca, flamenguista, conservador –, e por aí vai e , cada um age de acordo com sua identidade ou interesse dominante, estabeleci essa premissa básica, ou seja, como eu ajo com respeito, espero o mesmo do meu eventual interlocutor.

Dentro da variedade de identidades que obedecem a sua estrutura social e que é, naturalmente, processada e atualizada em função do papel de cada um na sociedade, no seu grupo social, profissional, religioso, as atitudes vão mudando no tempo e no espaço. Assim, como jovens, temos a nossa turma com as influências próprias e (in)consequentes.

Quando estamos na faculdade, essa identidade vai sofrendo alterações em função do meio. Quando já formados, o grupo profissional exerce também uma influência modificadora do comportamento das pessoas.

Na maturidade, já é outro o olhar. O que deve ser combatido, no entanto, em todas as essas fases, é a falsidade.

Por isso é que digo: não me venhas de borzeguins ao eito que não te recebo.

O comportamento humano é cheio de falsidade em variados níveis e grupos sociais. A maledicência, a inveja e o ciúme prevalecem, infelizmente. Mas isso um dia vai terminar, quando as pessoas entenderem que não vale a pena difamar seu semelhante e que o mandamento que Jesus nos concedeu não é mera figura de retórica. O que é desejável para um relacionamento amistoso e verdadeiro.

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