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Heitor Freire

Sopeiro!

SOPEIRO!
Há pouco tempo, fui levado pelas circunstâncias a fazer parte de um pequeno empreendimento culinário, artesanal e familiar – e do qual estou gostando muito, é importante frisar.
Logo na largada, aprendi que fazer chipa exige muita disciplina e paciência. O segredo da receita está em sovar muito bem a massa, ou seja, tenho que passar uns bons 20 minutos amassando um volume denso até ficar na textura certa. Dá pra dizer que é um exercício zen e aeróbico ao mesmo tempo. E não se pode ter preguiça. Nem pressa.
Daí que, da chipa para a sopa paraguaia foi um pulo. Como sou paraguaio, a identificação é total. A culinária do Paraguai é muito rica e nutritiva, pois tem na sua base a mandioca, o milho, o choclo (milho terno), a batata e a abóbora. A sopa paraguaia, que constitui o carro-chefe da boa mesa no Paraguai juntamente com a chipa, tem uma origem histórica e curiosa. Em primeiro lugar, ela não é uma sopa, no sentido tradicional.
O povo paraguaio costuma tomar sopa regularmente. Então, a história da sopa paraguaia começou quando Carlos Antonio López, presidente do Paraguai nos idos do século XIX, tinha uma cozinheira particular que lhe preparava todas as refeições. Certo dia, ao fazer a sopa de milho (vori vori), por distração, ela se enganou na preparação dos ingredientes e a sopa ficou muito espessa,  então, para não ter que jogar tudo fora, ela aproveitou a massa e teve a ideia de botar no forno para assar como se fosse um suflê. Muito envergonhada, ela disse ao presidente que a sopa desandou e iria preparar de novo. Mas don Carlos, por mera curiosidade ou intuição, disse que queria experimentar assim mesmo. E gostou muito. Então, ele disse, “De hoje em diante, esta fica sendo, oficialmente, a ‘sopa paraguaia’”. Que assim nasceu sob os auspícios de um decreto presidencial.
Quantas invenções no mundo não decorreram de um aparente acaso? E como a sopa paraguaia é mais uma das especialidades da Rosaria, minha mulher, nós começamos também a vendê-la, além da chipa, e com muito sucesso. E assim vamos inovando, aprendendo e cozinhando. Já podemos dizer que temos sucesso de crítica e de público. A nossa chipa e a nossa sopa caíram muito bem no gosto dos nossos clientes, amigos e conhecidos
Essa atividade tem sido muito enriquecedora, porque me colocou sob a regência da Rosaria, uma mulher extraordinária, com quem estou casado há 57 anos. O nosso relacionamento sempre foi muito harmônico e somos complementares em tudo na nossa vida conjugal. Além disso, a Rosaria é o eixo central em torno do qual gira a nossa família. A influência dela é tão forte que nunca ouvi minhas filhas dizerem: “Vamos lá na casa do papai”, é sempre: “Vamos lá na mamãe”. E eu não acho ruim, pelo contrário, aceito, porque entendo que é uma questão de inteligência, e assim deve ser.
O sucesso do nosso empreendimento vai se concretizando, aos poucos. A Andréa, minha segunda filha, que reconheceu na mãe a capacidade e a competência na cozinha, foi quem teve a ideia de iniciarmos esta nova atividade. Desde que começamos a produzir e vender chipa e sopa paraguaia, eu tive que alterar a minha rotina de trabalho. Agora, Santa Casa e venda de imóveis, só no período vespertino. À noite, continuamos com a produção na cozinha.
Um outro efeito colateral e muito positivo foi a união que consolidou naturalmente nosso relacionamento com a Andréa e seu marido, o meu genro Belchior. Andréa faz as compras, organiza os pedidos, agenda as entregas e cuida da divulgação; eu e a Rosaria entramos na produção;  e o Belchior cuida da distribuição, é ele quem faz as entregas em domicílio. Família que trabalha unida permanece unida. Contamos também com a participação da Flávia na assessoria de comunicação e da Raquel – que mora no Rio –, no marketing. Nossas outras filhas, genros, netos e agregados ficam na degustação para o controle de qualidade e na torcida, é claro.
E assim, vamos caminhando, cantando e trabalhando com muita alegria.
Heitor Rodrigues Freire – agora também sopeiro, e desde sempre corretor de imóveis e advogado.

Há pouco tempo, fui levado pelas circunstâncias a fazer parte de um pequeno empreendimento culinário, artesanal e familiar – e do qual estou gostando muito, é importante frisar.

Logo na largada, aprendi que fazer chipa exige muita disciplina e paciência. O segredo da receita está em sovar muito bem a massa, ou seja, tenho que passar uns bons 20 minutos amassando um volume denso até ficar na textura certa. Dá pra dizer que é um exercício zen e aeróbico ao mesmo tempo. E não se pode ter preguiça. Nem pressa. 

Daí que, da chipa para a sopa paraguaia foi um pulo. Como sou paraguaio, a identificação é total. A culinária do Paraguai é muito rica e nutritiva, pois tem na sua base a mandioca, o milho, o choclo (milho terno), a batata e a abóbora. A sopa paraguaia, que constitui o carro-chefe da boa mesa no Paraguai juntamente com a chipa, tem uma origem histórica e curiosa. Em primeiro lugar, ela não é uma sopa, no sentido tradicional.

O povo paraguaio costuma tomar sopa regularmente. Então, a história da sopa paraguaia começou quando Carlos Antonio López, presidente do Paraguai nos idos do século XIX, tinha uma cozinheira particular que lhe preparava todas as refeições. Certo dia, ao fazer a sopa de milho (vori vori), por distração, ela se enganou na preparação dos ingredientes e a sopa ficou muito espessa,  então, para não ter que jogar tudo fora, ela aproveitou a massa e teve a ideia de botar no forno para assar como se fosse um suflê. Muito envergonhada, ela disse ao presidente que a sopa desandou e iria preparar de novo. Mas don Carlos, por mera curiosidade ou intuição, disse que queria experimentar assim mesmo. E gostou muito. Então, ele disse, “De hoje em diante, esta fica sendo, oficialmente, a ‘sopa paraguaia’”. Que assim nasceu sob os auspícios de um decreto presidencial.

Quantas invenções no mundo não decorreram de um aparente acaso? E como a sopa paraguaia é mais uma das especialidades da Rosaria, minha mulher, nós começamos também a vendê-la, além da chipa, e com muito sucesso. E assim vamos inovando, aprendendo e cozinhando. Já podemos dizer que temos sucesso de crítica e de público. A nossa chipa e a nossa sopa caíram muito bem no gosto dos nossos clientes, amigos e conhecidos

Essa atividade tem sido muito enriquecedora, porque me colocou sob a regência da Rosaria, uma mulher extraordinária, com quem estou casado há 57 anos. O nosso relacionamento sempre foi muito harmônico e somos complementares em tudo na nossa vida conjugal. Além disso, a Rosaria é o eixo central em torno do qual gira a nossa família. A influência dela é tão forte que nunca ouvi minhas filhas dizerem: “Vamos lá na casa do papai”, é sempre: “Vamos lá na mamãe”. E eu não acho ruim, pelo contrário, aceito, porque entendo que é uma questão de inteligência, e assim deve ser.

O sucesso do nosso empreendimento vai se concretizando, aos poucos. A Andréa, minha segunda filha, que reconheceu na mãe a capacidade e a competência na cozinha, foi quem teve a ideia de iniciarmos esta nova atividade. Desde que começamos a produzir e vender chipa e sopa paraguaia, eu tive que alterar a minha rotina de trabalho. Agora, Santa Casa e venda de imóveis, só no período vespertino. À noite, continuamos com a produção na cozinha. 

Um outro efeito colateral e muito positivo foi a união que consolidou naturalmente nosso relacionamento com a Andréa e seu marido, o meu genro Belchior. Andréa faz as compras, organiza os pedidos, agenda as entregas e cuida da divulgação; eu e a Rosaria entramos na produção;  e o Belchior cuida da distribuição, é ele quem faz as entregas em domicílio. Família que trabalha unida permanece unida.

Contamos também com a participação da Flávia na assessoria de comunicação e da Raquel – que mora no Rio –, no marketing. Nossas outras filhas, genros, netos e agregados ficam na degustação para o controle de qualidade e na torcida, é claro.

E assim, vamos caminhando, cantando e trabalhando com muita alegria.

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